O FARISEU E O PUBLICANO
HOMILIA DO 30 Domingo Comum C
POR: PE. TARCÍSIO AVELINO, TF
Para nos ensinar as características da verdadeira
oração o Evangelho de hoje nos traz a Parábola do Fariseu e do Publicano,
citando o primeiro e o último lugares ocupados, na escala dos que praticam a
religião , na mentalidade do povo de judeu.
De fato, não havia, na mentalidade do povo de Jesus,
categoria de pessoas mais religiosas do que os fariseus e o fariseu escolhido
por Jesus para a parábola de hoje era uma jóia, dentre os fariseus que
ultrapassavam a fidelidedade à obediência aos preceitos de sua religião.
Não havia, também, na mentalidade do povo de Deus,
pessoas mais infiéis à religião e por isso mesmo detestáveis do que os
publicanos, na maioria das vezes judeus, considerados traidores de seu povo por
terem se tornado funcionários do Império Romano que escravisava a nação no
tempo de Jesus, na coletoria dos impostos. Ainda por cima, como se não bastasse
isso, cobravam acima do estipulado, para se beneficiarem de sua função.
É justamente estes dois extremos de pessoas na escala
dos que praticavam a religião que Jesus toma para nos ensinar as
características da verdadeira oração que são, segundo o que se pode depreender
deste Evangelho: 1. A verdadeira oração deve ser uma oração humilde. Se
tomarmos a definição de Santa Teresa: “a humildade é a verdade” entendemos que
somente o publicano saiu justificado justamente porque porque só ele se
apresentou diante de Deus na verdade do que todos nós somos diante de Deus,
pecadores, como lemos em 1Jo1,4: “se dissermos que não temos pecado somos
mentirosos e enganamo-nos a nós mesmos, no entanto, se reconhecemos nossos
pecados, Deus aí está, fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda
injustiça”. Por isso Jesus conclui dizendo que quem se humilhar será exaltado,
porque se humilhar significa se rebaixar, somente se for a humildade em Deus
que realmente se rebaixou ao se aniquilar na encarnação para sofrer e morrer
por nossa salvação. Quanto a nós a humildade é a verdade de reconhecer que
somos, sempre pecadores, ou seja, desobedientes aos Mandamentos de Deus. Nunca
conseguimos viver cem por cento fiéis aos mandamentos da Lei de Deus.
2. A verdadeira oração é aquela que em tudo busca a
glória de Deus como Paulo que, ao final de sua carreira, reconhece todo bem que
fez em sua vida dizendo: “combati o bom combate, terminei minha carreira,
guardei a fé”, mas, diferentemente do fariseu, Paulo reconhece que foi apenas
instrumento nas mãos de Deus e que foi Deus quem tudo realizou por meio dele
dizendo: “ O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças; Ele fez que a mensagem
fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui
libertado da boca do leão”. Ou seja, sempre é Deus quem faz tudo pois “sem mim
nada podeis fazer” (Jo.15,5), disse Jesus.
3. A verdadeira oração é aquela na qual nao não me
comparo com ninguém pois acabarei me achando melhor ou pior do que o outro,
sendo que somos amados por Deus como se fôssemos o único filho que Ele tem, por
isso não há termos de comparação nossa com quem quer que seja, já que cada um
tem sua história de vida, seus traumas e só Deus sabe porque se comportam de um
jeito ou de outro. O fariseu não tinha o direito de se comparar com o publicano
porque se torna juiz dele, para afirmar que é melhor do que o outro, no entanto
a Palavra de Deus diz: “o homem vê a aparência mas Deus vê o coração”, por isso
diz também: “há um só legislador e Juiz. Quem és tu para julgar o teu irmão?”(Tg.4,12)
é por isso que Jesus diz que somente o publicano voltou para casa justificado,
ou seja, tornado justo, porque somente réus é que podem ser absolvidos ao passo
que ao juiz, posição na qual se colocou o fariseu, usurpando a posição que só a
Deus é devida, ao juiz cabe absolver. Ele não só não absolveu o publicano, pelo
contrário o censurou interiormente, como também, por ter se colocado no lugar
dO Juiz e não no seu devido lugar, o de réu, não alcançou a absolvição para si.
4. A verdadeira oração é sincera, não adianta
tentarmos usar o bem que fazemos como capa para tentarmos esconder quem somos
diante de Deus pois “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus.
Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de
prestar contas” (Hb.4,13). Assim, ou me deixou julgar por Deus agora, equanto
estou em caminho, ou serei julgado no Juízo final. Então, pe preciso deixarmos
que Ele veja nossas misérias agora, já que o médico só pode curar as feridas se
a ele as mostramos, é preciso, portanto que não abramos mão nunca do direito
que temos de ter um espaço onde podemos ser quem somos na certeza de sermos
amados, compreendidos e aceito em toda a verdade do que somos, como lemos em
Romanos 7,24: “sou o que sou diante de Deus e nada mais”.
Essas são as posturas que garantem que nossa oração é
oração verdadeira e não monólogos, nos quais falamos conosco mesmo diante de
Deus, pois toda verdadeira oração é diálogo onde falamos e deixamos que Deus
nos responda através do confronto com Sua Palavra. Só assim poderemos ter como
garantia o que lemos na Primeira Leitura: “quem serve a Deus como Ele o quer,
será bem acolhido e suas súplicas subirão até as nuvens”. Só saberá se se serve
a Deus como Ele o quer se se deixar julgar pela palavra de Deus, do contrário,
como o fariseu, pensaremos estar agradando a Deus, no entanto, há muito ele já
se havia distanciado do único mandamento pelo qual se cumpre todos os demais, o
do amor.
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