HOSANA OU CRUCIFICA-O?

   A PALAVRA DO FUNDADOR: DOMINGO DE RAMOS



 
HOSANA OU CRUCIFICA-O?
POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF


A Liturgia do domingo de Ramos nos insere no grande palco da vida onde somos convidados a reconhecer nossa inconstância na opção que todos fomos obrigados a fazer diante da cruz.

Grande comitiva entra triunfalmente com Jesus em Jerusalém composta de todos os seus discípulos vindos de varias partes a Betania, bem como muitos de Jerusalém que haviam vindo por curiosidade devido à notícia de que Ele havia ressuscitado Lázaro. 

Desce pela velha estrada de Jericó a Jerusalém rumo ao monte das Oliveiras, num verdadeiro cortejo que o aclama com palmas e hosanas. Jesus não se opõe a essa homenagem nem aos cantos claramente messiânicos que o povo e conhecia muito bem e além de  escolher a montaria conforme Zacaria havia profetizado séculos antes da qual o Messias se utilizaria (Zc.9,9), repreende os fariseus que tentava abafar a voz do povo que cantava os cânticos messiânicos dizendo: "se eles se calarem as pedras falarão".


Ele não se opõe aos hosanas que lhe cantam testemunhando a verdade de que Ele é o Messias porque é a pura verdade. Isto significa que Ele quer que o testemunhemos sempre, com a vida, com a simplicidade de um trabalho bem acabado, na alegria constante, na preocupação com os outros e com a mesma serenidade com a qual Ele enfrentou todos os sofrimentos pela nossa salvação como vemos no grande silencio de suas nove horas passadas na cruz conforme a versão dos Evangelho da missa de hoje onde finalmente ele diz uma palavra.


Quando transpõe o cume do Monte das Oliveiras divisa toda a cidade e chora sobre a mesma pela impenitência do povo que o tornará presa fácil do inimigo que dentro de alguns anos destruirá essa cidade por Ele tão amada. Ele sabe disso e chora. Oh eloquentes lágrimas que bastariam para converter os homens de boa vontade. Tão bruscamente Ele passa da alegria para a tristeza em meio a uma festa tão esfuziante. Isto deve ter chocado imensamente a todos pois todos os olhos estavam postos nEle: "Ah se ao menos neste dia conheceses Aquele que te pode dar a paz! Mas vossos olhos estão velados" pela cegueira do orgulho do pecado que nos cega. Cheio de misericórdia se compadece da cidade que O rejeita.


Nada ficou por tentar, milagres, obras, palavras severas ou mansas, fez de tudo para com todos, para que aceitassem o perdão que O Pai lhes oferecia não pelo Messias guerreiro que desejavam mas por um Messias pobre humilde e manso porque os pensamentos de Deus não são como os nossos.

O que fazemos de tantas graças que sem cessar derrama sobre nós na tentativa de nos atrair a si? Que as lágrimas de Jesus neste dia nos ajudem a nos arrepender ao constatar quantas graças desperdiçamos a todo momento sem fazer caso da misericórdia de Deus.

Pela encarnação Deus em Jesus se fez solidário com cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com a mente do homem, e amou com um coração humano por isso tanto suas lágrimas como Seu último grito na cruz é por ter participado da dor do homem que por seu pecado se sente abandonado por Deus. Com Seu sangue mereceu nos a vida. Nele o Próprio Deus reconciliou-nos consigo por isso posso dizer com S. Paulo: "O Filho de Deus amou-me e se entregou por mim" (Gl.2,20). Foi por você, foi por cada pessoa em particular que Ele sofreu tudo com o impressionante silencio que contemplamos no Evangelho de hoje.

A história de cada homem é a história da solicitude de Deus para com ele, pois cada pessoa individualmente é objeto de sua predileção e foi para com cada pessoa em particular que Ele tentou de tudo em Jerusalém tentando de tudo com a cidade para a qual Deus quis abrir as portas da misericórdia mas os judeus não quiseram. Trata-se do chocante mistério da liberdade humana que tem a triste possibilidade de rejeitar a graça divina. Há no nosso coração a liberdade que nos faz capazes do melhor e do pior. É por isso que a liturgia de hoje coloca em paralelo o "hosana" do domingo de Ramos com o "crucifica-o" da sexta feira da paixão, convidando-nos a nos penitenciar pela nossa inconstância e nos levar a matar pela penitencia tudo o que nos afasta de Deus. É também por isso que o salmo nos convida a levantar as portas de nosso coração insensível pelo egoísmo para deixar entrar a graça de Deus.

Maria também está em Jerusalém para a Pascoa, corramos para junto dEla para com Ela aprendermos a sofrer como sofreu Jesus  em silencio diante dos homens, com mansidão e total resignação à vontade do Pai que quer que todos se salvem por isso permite que experimentemos bem pouco das consequências de nosso pecado para nos levar ao arrependimento necessário à nossa conversão.


A PALAVRA DO FUNDADOR HOMILIA DO 5° DOMINGO DA  QUARESMA ANO B



QUEREMOS VER JESUS!
POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF


Preparando-nos para a Semana Santa, este último domingo da Quaresma nos convida a meditar no momento em que Jesus elevará ao máximo a possibilidade de reconhecermos sua identidade, o momento da consumação de sua entrega à humanidade quando for elevado na cruz  quando atrairá todos a si e mostra, na busca dos gregos que pedem para vê-lO, Jesus como centro da busca de todos os povos.
Embora a história da salvação se resuma na história de um Deus apaixonado que nunca desiste nem se cansa de procurar o homem caído, resume-se também, na história dos homens que sempre procura manter Deus à distância. Mesmo rejeitado, a 1°  Leitura mostra que Deus não desiste e promete se fazer tão próximo do homem que gravará Sua Lei em nossos corações, como de fato o fez quando na cruz revelou-nos o quanto nos ama, por isso diz Jesus no Evangelho de hoje: "quando eu for elevado da terra atrairei todos a mim". De fato a humanidade inteira conhece o crucificado até porque o tempo parou no dia de Seu nascimento  e a humanidade inteira zerou o calendário naquele dia e todos sabem que estamos no ano de 2015 a partir do nascimento deste homem que atrai o respeito dos crentes e não crentes de todos os tempos do mundo inteiro.
"Quando eu for elevado da terra atrairei todos a mim". Na cruz Deus sela com a humanidade a Nova Aliança profetizada na Primeira Leitura e atrai os olhos do mundo inteiro para o crucificado revelando todo Seu amor, suscitando Seu amor no coração de todos os que, diante da cruz, se deixam interpelar pela grandeza deste mistério, quando seduzidos por Seu amor sentem despertado em si o desejo de correspondência a um amor que se deu inteiro, capacitando-nos a amar como Ele amou dando Seu Espirito a todos os que O aceitarem, pela fé, sendo que amar é se doar inteiro, é dar a vida por isso Ele nos ensina hoje que é o grão de trigo caído na terra aceitando morrer como grão para ressurgir arbusto cheio de espigas e frutos. Assim deve ser a vida do cristão, como a de Cristo. Sacudindo todo comodismo e saindo de si para servir, gastando toda a vida pelo bem do próximo. Isso é imitar Filipe e André que conduziram os gregos a Cristo.
Silencio diante da cruz. Deus morre e fui eu que o matei com meus pecados, mato a Jesus toda vez que com a minha vida revelo egoísmo e não o amor. Faço-O nascer em cada coração quando faço com que os outros experimentem Seu amor por meio do meu amor que se doa no serviço, não poupando a sua vida. Isso é o que significa o que hoje Ele nos ensina: "quem doar a sua vida neste mundo conservá-la-á para a eternidade.

Cristo diz que o julgamento deste mundo é agora porque Sua morte na cruz nos coloca diante de uma opção, ou aceitar ou rejeitar este amor, o juízo final será apenas a consumação da opção que fazemos desde agora, quem viveu para amar, como Cristo, viverá em comunhão com O Amor eternamente.
A PALAVRA DO FUNDADOR 4° DOMINGO DA QUARESMA ANO B



QUE SE PONHAM A CAMINHO!
POR  PE. TARCÍSIO AVELINO, TF

Como a palavra chave da Quaresma é conversão, a Palavra deste quarto domingo da Alegria nos convida a nos converter da tristeza para a alegria pois afinal, já estamos a meio do caminho do dia da Páscoa! Assim, ouvimos na Primeira Leitura o grito do profeta: "Quem fizer parte do povo do Senhor que se ponha a caminho!". Essa ordem, num tempo em que o povo já tinha perdido as esperanças de regressar a sua pátria, depois de longos anos passados no exilio da Babilonia soava-lhes como um bálsamo como também soa hoje para nós, afinal, para quem leva a sério a Quaresma tanto como para quem leva a sério sua vida de cristão, experimenta que a luta árdua que se tem que travar para nos convertermos de nossos vícios para a prática das virtudes necessárias para nos assemelharmos com Aquele com o qual desejamos nos unir eternamente, não é nada fácil pelo que, sente-se o peso da caminhada como se estivéssemos, e estamos mesmo, em meio a um longo deserto que cumpre atravessar para chegar ao destino desejado.
Tudo o que aconteceu com o povo de Deus na Biblia é um paradigma do que aconteceria com o novo povo de Deus, os cristãos, pelo que hoje somos convidados a perceber que, como lemos na Primeira Leitura, toda vez que o povo pecava, separando se de Deus, a consequência é que ficavam fraco na batalha constante que tinham que travar contra os povos que viviam em guerra uns contra os outros em vista de aumentar sua riqueza e armamentos buscando sempre conquistar as cidades que mais lhes prometia aumentar seu poder. Este é o contexto no qual o profeta anuncia a volta de um longo exílio de apenas setenta anos necessários para que o povo refletisse nos muitos pecados com os quais não só ofendiam grandemente a Deus como também se tornavam vulneráveis no combate, constante que tinham que travar contra seus inimigos. Nisto consiste nossa vida nesta terra, num combate constante que devemos travar não contra nossos semelhantes, mas como lemos em Efésios 6,10 contra os espíritos malignos que nos cercam a todo momento procurando a nossa perdição.
É por isso que Cristo no Evangelho de hoje, usa a palavra necessidade de que fosse levantado no madeiro. Necessário por dois motivos: para que na cruz revelasse a grandeza do amor de Deus por nós e ao mesmo tempo nos conscientizasse das consequências do nosso pecado, conseguindo com isso, duas coisas, o nosso desejo de corresponder ao Seu tão grande amor que se entregou em nosso lugar como também o arrependimento de nossos pecados suscitando em nós o desejo de conversão.
Esta é a alegria a qual somos chamados neste domingo da alegria, à alegria de saber-nos salvos desde já, destinados a nos assentar a direita de Cristo no céu pela adesão com Ele desde agora, como somos conclamados na Primeira Leitura: quem faz parte do povo de Deus que se ponha a caminho, quer dizer, que sacuda a poeira do desanimo e fixemos os olhos no alvo que desejamos alcançar, se lá quisermos chegar, com a ajuda daquele que já nos salvou gratuitamente, sem nenhum merecimento de nossa parte, entregando-se por nós quando só merecíamos o castigo pois "Deus não enviou Seu filho ao mundo para condená-lo mas para a nossa salvação".