HOMILIA DO 31 DOMINGO TEMPO COMUM-C "É NECESSÁRIO QUE EU FIQUE EM TUA CASA"


POR: PE. TARCISIO AVELINO, OMD
O Evangelho do domingo passado terminou com uma pergunta no ar: "o publicano saiu do templo justificado mas se converteu ou não?". Essa pergunta é muito pertinente pois vemos tantas pessoas que se confessam e pedem perdão sinceramente dos pecados mas depois retornam a mesma vida de antes, senão pior como diz a Bíblia "se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro."(2Pd.2,20). 
O Evangelho de hoje é como se fosse uma tentativa de imaginar como seria a vida de um publicano convertido, e S. Lucas vai mais longe ainda pois escolheu o episódio de um publicano que era o chefe dos cobradores de impostos ou seja, duplamente odiado do povo judeu, ja que os publicanos eram considerados da pior espécie de pessoas por serem funcionários do Império que estava dominando Israel, o Império romano impondo pesadas tachas de impostos e os publicanos, que eram os cobradores desses impostos sempre cobravam a mais para o proveito próprio. 
O Evangelho de hoje faz questão de frisar que ele era rico para deixar que claro que nao há impossíveis para Deus ja que Jesus ja tinha dito que "dificilmente um rico entrara no Reino do Céu" frisando tambem que "Deus nao despreza nada do que crio pois é o dono de tudo e se esquece de nossos pecados para que sejamos salvos" ou seja, Deus nao nos olha como essa multidão olhava zaqueu a ponto de murmurar contra a decisão de Jesus se hospedar na casa de um pecador público tão odiado do povo. 
Mas examinemos um pouco os elementos do relato para que possamos entender a profundidade da mensagem que nos é transimitida. O relato diz primeiro que Zaqueu procurava ver quem era Jesus mas depois de nos descrever as providencias que tomou para isso, afirmando que ele correu para escapar da multidão afirma que ele era "muito rico e muito baixo" quase que para ressaltar que a riqueza que fazia dele um homem grande na verdade o tornava baixo aos olhos de Deus e essa sua baixeza moral que deu a ele coragem de se enriquecer as custas da extorsão e traição de sua nação, lhe impedia de ver ver quem era Jesus. Talvez seja por isso que o texto afirma que ele subiu no sicomoro, mas nao diz mais que era para "ver quem era Jesus" mas somente que ele subiu na arvore para. "Ver Jesus" o que nos leva a concluir que dois sentimentos levou Zaqueu a agir assim a fé que, embora ainda incipiente, fora suficiente para movê-lo a procurar por Jesus e a curiosidade que fez com que subisse para "ver Jesus" ja que nao se da para ver quem é uma pessoa subindo em arvores pelo que Jesus, mostrando que sabe onde encontrar os pecadores que por Ele procuram para, justamente embaixo da arvore onde zaqueu subira e lhe chama pelo nome dizendo: "Zaqueu, desce depressa porque eu preciso hoje ficar em sua casa". Podemos torrar daqui uma grande conclusão, para ver quem é Jesus não podemos subir mas temos que descer pois para se tornar visível por nós Ele desceu de Seu Trono de Glória e se encarnou no ventre de Maria, vindo a nos como uma criancinha para mostrar que o caminho pelo qual vamos a Ele é o mesmo pelo qual Ele veio ate nos: o do aniquilamento e nos deixou isso bem claro: "quem nao se tornar como as crianças nao poderá entrar no Céu". Fazia-se necessário que zaqueu descesse para receber Jesus em sua casa pois para ver quem é Jesus nao basta enxergá-lO mas permanecer com Ele deixando que Ele entre em nosso coração para nos olhar com Sua Misericórdia que nos cura e liberta como arrancou as lágrimas purificadoras de Pedro ao olha-lo no exato momento que lhE negara pela terceira vez, e, do mesmo jeito que nunca mais Pedro foi o mesmo, Zaqueu nunca mais foi o mesmo depois que desceu depressa para receber com alegria, Jesus em sua casa. 
"Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. (Apc.3,20). E o que siginifca cear junto com Jesus? Aqui neste contexto significa exatamente o que é para o judeu convidar alguém para uma refeição, significa comunhão pois os judeus nao convidam para a mesa a nao ser os amigos. Por isso Jesus conclui dizendo: "hoje a salvacao entrou nesta casa porque este homem também e filho de Abraão", ou seja, também esse homem que a multidão despreza é da raça de Abraão, ou seja, é vosso irmão, faz parte do povo eleito dos judeus. Mas Jesus esta afirmando outra pertença muito maior que, a partir daquele momento Zaqueu passava a fazer parte, a pertença ao novo povo de Deus formado por todos os que creem em Jesus Cristo. A Bíblia diz que "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça". (Rm.4,4). Assim como a fé  de Abraão lhe foi creditada como justiça, a fé de Zaqueu o justificou pois não resistindo ao amor de Cristo que entrou em sua casa, foi reabilitado em sua capacidade de amar e se decidiu a ressarcir tudo o que adquira por extorsão, indo muito alem do que a Lei pedia, que era apenas vinte por cento de juros sobre a dívida contraída no momento do pagamento. 4 vezes mais era a pena imposta aos ladrões mas Zaqueu não se contentou com a estrita justiça, pois em Jesus havia encontrado o Seu tesouro, todo o bem estar que nao experimentara com o dinheiro experimentou ao ser amado por Cristo e se tornou como aquele negociante de pedras preciosas de uma das parábolas contadas pro Jesus , que, encontrando uma de grande valor vendeu tudo o que tinha para compra-la. É isso o que aconteceu com Zaqueu e acontece com todos os que, como ele, se deixam interpelar pelo amor de Deus e seduzidos pelo amor aderem a Cristo pela fé: aceitam a redenção e se tornam justificados ou seja, aceitam o perdão de Deus que pagou todas nossas dividas por isso somos tornados justos por Aquele que pagou nossas injustiças. 
Com certeza Zaqueu ja estava cansado de ser rico e desprezado por todos para ter corrido para ver Jesus, subido numa árvore, escutado e obedecido a voz de Jesus, recebendo-o nao somente em sua casa mas também em seu coração. 
Deus hoje diz para cada um de nós, chamando a cada um pelo nome (Is.43,5ss) "desce depressa pois é preciso que eu fique em tua casa". Desce depressa do tamanco do teu orgulho e soberba que despreza os outros porque o teu pecado é uma muralha que te separa de Deus (Is.59,1). Convém que eu fique hoje em tua casa pois "o Filho do homem veio procurar o que estava perdido". Mas para que Ele te encontre como encontrou zaqueu e preciso que vc reconheça que estas perdido para que o busques de todo o coração porque essa é a condição para encontra-lO: "Buscarme-eis e me achareis quando me buscares de todo o coração" (Jr.29,13).  


HOMILIA DO 30 DOMINGO DO TEMPO COMUM - UM JUSTO JUIZ PARA JULGAR OS JUSTOS


POR: PE. TARCISIO AVELINO, OMD
A Liturgia deste domingo perfaz a terceira catequese sobre a oracao que aparece no Evangelho de S. Lucas que começou quando o Jesus ensinou o Pai Nosso, a Segunda catequese sobre a oração foi no domingo passado quando Jesus contou a parábola da viuva insistente e do Juiz iniquo para nos ensinar que nossa oração deve ser perseverante, sem jamais desanimar. Hoje Jesus nos ensina que outra qualidade da oração Cristã deve ser uma oração humilde ja que que cristão é aquele que imita Cristo, manso e humilde de coração. 
No domingo passado Jesus conclui seu ensinamento sobre a oração perseverante dizendo que se um juiz iniquo neste mundo faz justiça a uma viuva insistente para não ser mais incomodado, quanto mais Deus fará justiça aos Seus filhos que clamam por Ele noite e dia, e hoje a Liturgia mostra que o faz não só por ser Pai, como também porque não é um juiz qualquer mas o "Justo Juiz" como afirma S. Paulo na Segunda Leitura. Mas o que significa dizer que Deus é O Justo Juiz? É a Primeira Leitura que nos responde: "O Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas. Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas." Ou seja, dizer que Deus é o justo juiz significa dizer que só Ele pode nos julgar corretamente por isso o erro do fariseu do Evangelho foi tomar a si mesmo por próprio juiz e ainda por cima se arrogar ao direito de julgar o irmão já que como fariseu ele conhecia muito bem a Palavra de Deus que diz: "O coração é o que há de mais enganador, e não há remédio. Quem poderá entendê-lo?" (Jr 17,8-9), conhecedor da Bíblia como era o fariseu sabia muito bem que a Palavra de Deus também diz: "O Homem vê as aparências, mas Deus Olha o Coração"  (1Sm 16,7); ou seja, somente Deus que vê todas as coisas como elas são é que tem condições de julgar corretamente por isso lemos versiculo 12 da  carta de S. Tiago: "Há um so legislador e um só juiz que pode aniquilar e salvar, portanto, quem és tu para julgar o teu irmão?" Ou seja, se O Único que poderia aniquilar o pecador não o fez ainda, mantendo-o sobre a face da terra, quem somos nós, pecadores como quaisquer outros, para emitir sentenças de absolvição ou condenação para o nosso próximo? Por isso a conclusão de Jesus na Parábola de hoje é que somente a oracao do humilde "atravessa as nuvens" como lemos na Primeira Leitura pois se a humildade é a verdade, como ensina S. Teresa, somente o humilde reza verdadeiramente pois estabelece um dialogo verdadeiro com Deus. Se observarmos bem somente quem rezou foi o publicano pois rezar é dialogar com Deus ao passo que o que o fariseu fez foi um monólogo onde nao pediu nada e nao agradeceu nada mas apenas louvou-se a si mesmo. 
Mais uma vez, como no domingo passado Lucas coloca desde o principio, não declaradamente mas implicitamente, o propósito desta parábola pois ao afirmar que fora destinada "a alguns que confiavam na própria justiça e desprezavam os outros" ja revela que o propósito desta parábola é nos ensinar que nao podemos confiar na nossa própria justiça e desprezar os outros pois "se dissermos que nao temos pecado somos mentirosos e a verdade nao esta em nos mas se confessarmos os nosssos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar", por isso "o publicano voltou para casa justificado e o fariseu nao" porque se a humildade é a verdade, só humilde reconhece que nao merece nada de Deus pois é um pecador, ou seja um traidor de Deus que só merece castigo e, confessando seus pecados mostra suas chagas para o Único que pode cura-las,  sem o que, Aquele que veio para os doentes e nao para os que se acham sãos como o fariseu. Mas quanta diferença entre este fariseu do Evangelho e o fariseu Paulo da Segunda Leitura!! Porque Paulo colaborou com a Graça que o alcançou na estrada de Damasco e, depois que se levantou da "queda do cavalo" ja era um novo homem que reconhecendo seus erros entra com outro objtetivo em Damasco, nao mais como perseguidor dos cristãos mas como o futuro maior evangelizador da história da Igreja!!!
Paulo, na Segunda Leitura reconhece que combateu o bom combate e que só lhe resta receber a coroa da justiça, mas, diferentemente do fariseu do evangelho, longe de se gloriar de suas obras reconhece: "O Senhor esteve a meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações". Ou seja, diferentemente do fariseu do Evangelho Paulo nao atribui a si mesmo nenhum bem que fez, reconhece que foi Deus quem lhe deu forças e fez com que a Mensagem do Evangelho fosse anunciada a todas as nações. Ao passo que o fariseu do Evangelho, atribuindo-se a si mesmo o mérito de suas boas obras, com seu ego tão inflado, nao enxergou suas chagas do orgulho, da vaidade, da prepotência e do julgamento,  muito piores do que as do publicano, por isso nao saiu justificado.
Portanto, que nossa oração seja como a do publicano para que reconhecendo a verdade sobre nós e sobre Deus, possamos dar a Deus o que é de Deus e receber para nós aquilo de que tanto temos necessidade, isto é, o perdão, ja que o pecado é a única obra que conseguimos fazer sozinhos, sem a ajuda de Deus e, por isso mesmo é a única obra que podemos atribuir a nós pois "que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido? ". (ICor.4,7ss) e somente Deus é bom e, protanto, a Fonte de todo bem. A Ele a glória, o poder e a honra, pelos séculos dos séculos. Amém!

HOMILIA DO 29 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

O BOM COMBATE DA ORAÇÃO 
 
POR PE. TARCISIO AVELINO,OMD
Após a cura dos dez leprosos que vimos no domingo passado os fariseus perguntam a Jesus quando viria o Reino de Deus. É neste contexto que Nosso Senhor conta a parábola do Evangelho de hoje mostrando que o importante não é perguntar quando se consumará o Reino que Ele veio inaugurar mas como aguardar essa consumação que se dará no dia do Seu regresso glorioso no juízo final. Esta é a lição que nos dá a Parábola da viúva e do juiz iniquo ensinando-nos que são duas atitudes básicas que devemos ter enquanto aguardamos Seu regresso.
Mas antes de falarmos destas atitudes é preciso que nos conscientizemos de que a vida do Cristão, desde a primeira vinda de Jesus até Sua Segunda vinda consiste numa batalha como vemos na primeira Leitura que, juntamente com o Evangelho nos mostram a primeira atitude com a qual devemos esperar o Senhor: em oração perseverante pois, como vemos na Primeira Leitura, enquanto Moisés tinha os braços erguidos Israel vencia a batalha contra os Amalecitas ao passo que, quando pela fadiga, deixava cair as mãos erguidas, símbolo da oração de súplica ardente, Israel perdia a batalha: conclusão essa batalha na qual estamos só se ganha pela oração perseverante pois a primeira leitura diz que ele clamou o dia inteiro desde a manhã ao entardecer. Essa mesma ideia é completada pelo Evangelho sendo que a na Primeira Leitura fala-se da oração de intercessão que é aquela que fazemos pelos outros, no caso, Moisés orava pela sua pátria que estava sendo invadida pelos inimigos, ao passo que no Evangelho temos a oração pessoal de súplica, que é aquela com a qual nos dirigimos a Deus em alguma necessidade pessoal, sendo que Jesus escolheu justamente uma viúva, símbolo dos mais desconsiderados e desamparados da sociedade para mostrar que temos que ser como ela, recorrer a Deus e a mais ninguém pois só Ele realmente é o nosso socorro seguro e fiel. Para nos mostrar isso Jesus lança mão do contraste entre aquilo que Deus e com aquilo que Ele não é para dizer que se até um juiz iniquo atende a súplica insistente de uma pobre viúva que não tem propina para lhe dar nem a quem recorrer para ajudá-la quanto mais o nosso Deus ao qual Jesus, nesta subida para Jerusalém que continua no Evangelho de hoje já tinha ensinado que na oração devemos chamar a Deus de Pai pois o é de fato por nos ter adotado em Seu Filho Jesus.
Se o Evangelho de hoje se insere no contexto do julgamento pelo qual teremos que passar no juízo final, não podemos nos esquecer que além do juízo final há o juízo particular para aqueles que morrerão antes de Jesus voltar diante do qual, São Paulo, no fim da vida nos confirma que realmente nossa vida consiste num combate e nos mostra como poderemos ter paz ao ver se aproximar a nossa morte. Vejamos o que Ele diz: "combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé, agora, só me resta receber a coroa que O Senhor Justo Juiz me dará naquele dia" (II Tm.4) Essa é a batalha na qual nos encontramos que se divide em dois setores: a batalha interna que consiste na luta do homem velho contra o homem novo renascido pela graça recebida no batismo, a tal ponto que o mesmo  São Paulo se espanta e diz: "Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. (Rm8,18-20) Essa é a batalha interna que experimentamos que São Paulo combateu virilmente a tal ponto que no fim de sua vida teve a consciência tranquila a ponto de exclamar o que dizemos acima, mas há também  a batalha externa, aquela na qual pensamos lutar contra os homens e no entanto Lemos em Efesios capitulo 6 versículos 10 e seguintes Lemos: "Não é contra homens de carne e sangue que temos que lutar mas contra os principados e potestades" que estão ao nosso redor usando os desprevenidos para nos tentar.
Ambas as batalhas só se vencem pela oração é o que nos ensinam as leituras de hoje pois é na oração que recebemos as graças, dons e virtudes necessárias para substituir os vícios nas batalhas internas e para vencer as tentações e tribulações nas batalhas externas. As batalhas internas são contra as fraquezas de nosso caráter e as externas são sempre de autoria de Satanás e seus demônios como vimos em Efesios capitulo 6 acima. Não era contra a pessoa que estava lhe injustiçado e contra o juiz iniquo que a viúva estava se debatendo mas contra "o demônio que anda sempre ao nosso redor como leão que ruge procurando a quem devorar"(IPd1,5).
Sentindo aproximar a sua morte S. Paulo avalia a sua vida como tendo sido um "bom combate" pois foi toda gasta com a missa que Cristo deixou para todos os seus discípulos nesta terra como Lemos neste mesmo evangelho de Lucas que estamos estudando este ano, no capítulo dez: "Ide pelo mundo inteiro e a todos pregai o Evangelho" e esta é a segunda atitude com a qual devemos esperar o Senhor como Lemos na Segunda Leitura: "Diante  de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir a julgar os vivos e os mortos, e em virtude da sua manifestação gloriosa e do seu Reino, eu te peço com insistência: proclam a palavra, insiste oportuna ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina". Aqui está o conselho com o qual encerramos esse nosso texto pois estamos no mês missionário e no mês do Rosário, uma associação nada casual mas oportunissima pois as leituras da missa de hoje nos mostram que a conquista de almas para Cristo é um combate que não se vence a não ser pela oração pois nesta conquista que consiste literalmente em arranca-las das garras do Maligno mais do que a pregacao vale o testemunho pois se as palavras convencem os testemunhos arrastam, ou seja, embora a Palavra de Deus seja "viva e eficaz" por si mesma quanto mais tivermos deixado ela agir em nossa vida na oração pessoal maiores serão os frutos que colheremos em nossa semeadura. 
Outubro mês das missões e do Rosário, a oração mais excelente depois dos sacramentos e do Pai Nosso, não  por ser composto da saudação Angélica que é de autoria do próprio Deus como o Pai Nosso, como também porque nesta oração contemplamos a vida de Jesus, escopo de toda a Bíblia é programa de vida de todo discípulo daquele que nos enviou a fazer discípulos dEle em todas as nações, além disso, nesta oração invocamos Aquela a qual Deus investiu da missão de esmagar a cabeça daquele com o qual devemos combater para resgatar a todos para Cristo. 

HOMILIA DO 28 DOMINGO DO TEMPO COMUM-C: "TUA FÉ TE SALVOU"

Por: PE. Tarcisio Avelino, OMD 

No domingo passado os discípulos pediram a Jesus que lhes aumentasse a fé e Jesus responde compráramos a fé a um grão de mostarda para mostrar que assim como o grão de mostarda para aumentar precisa ser semeado e cultivado, assim também se quisermos aumentar a nossa fé precisamos agir. No Evangelho de hoje Jesus prossegue seu caminho para Jerusalém tomando um caminho mais longo e perigoso para, com o fato dos dez leprosos exemplificar o que significa cultivar nossa fé. 
Chama a atenção, desde o começo, a obediência dos leprosos que, mesmo no afã de serem ouvidos e atendidos por Jesus dele não se aproximam em obediência à lei de sua religião que prescrevia que os leprosos deveriam sempre gritar que eram impuros para impedir que uma pessoa sadia se contagiasse e ficasse impura ao contato com eles. Mais curioso ainda é o modo como Jesus escolheu para cura-los, deixando-os com sua enfermidade e manando que fossem se mostrar aos sacerdotes no que, mais uma vez mostram que não estão doentes como castigo por desobediência à Lei de Deus como se acreditava, pois, contra toda razão, obedecem imediatamente, sem ao menos questionar a Jesus com o fato de que seriam, mais uma vez escurracados pelos sacerdotes ao se aproximarem deles no estado em que se encontravam. 
"E aconteceu que enquanto caminhavam ficaram curados". Ó maravilha da obediência quando estamos para contemplar o maior ato de obediência jamais visto que está para se consumar na cruz por pelo Novo Adão que ao contrário do primeiro "se fez obediente até a morte e morte de cruz". 
"Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão justificados"(Rm15,19). A Bíblia ensina que é pela fé que nos somos salvos mas ensina também que a fé sem obras é morta. De fato, se não semearmos o grão de mostarda  ele acaba se estragando ou fica só um grão mas se o semearmos torna-se a maior das hortaliças que produzirá dezenas de outros grãos. Eis o modo para aumentarmos nossa fé, semeando e cultivando-a como esses dez leprosos que, pela sua fé obedeceram à Lei e no ato mesmo de obedecer ficaram curados e, no entanto, só um teve sua fé aumentada, o que sendo estrangeiro não presumia de méritos perante de Deus por isso o Evangelho faz questão de frisar "e este era um samaritano" para realçar duas coisas: 1.  Lemos na primeira leitura o caso da cura do leproso Naaman, o Sírio que mais tarde seria citado por Jesus em sua primeira pregacao na sinagoga de Nazaré para mostrar que a salvação é destinada a todos pois foi o único leproso curado por Eliseu em detrimento de todos os leprosos Israelitas. 2. A segunda lição que aprendemos é que, ao contrário do que os Israelitas imaginavam, a salvação não é mérito adquirido por nossas obras ou obediência, mas é graça de um Deus que é amor e misericórdia que não quer a morte do pecador mas que se converta e viva como Lemos em Efesios capitulo 2 versiculo 8: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." No entanto a mesma Palavra de Deus ensina que "a fé sem obras é morta". (Tg.2,14) mostrando que se somos salvos pela fé isso não nos exime de viver conforme nossa fé indica como por exemplo no Evangelho de São Mateus capítulo 25 onde Lemos que no juízo final seremos julgamos pelo bem que tivermos ou não praticado.
Assim a cura foi a mesma para os dez leprosos mas somente um passou da cura a salvação. A cura é só para o corpo e a salvação é para o homem todo. 
Assim a liturgia de hoje nos ensina que a salvação é universal pois "a Palavra de Deus não se pode algemar" como Lemos na Segunda Leitura na qual vemos Paulo acrescentar mais um dado importante neste progresso da fé a que somos exortados hoje, que a fé a ponto de transportar montanhas vai desde a fé que tiveram esses leprosos de que obedecendo se curariam no caminho quanto à capacidade de suportar todo sofrimento para que um maior número de pessoas experimentem a alegria de se saber justificado pela misericórdia de Deus: "Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna." É a isto que hoje Jesus nos envia no mesmo envio que faz a este ex leproso samaritano: "levanta-te e vai. A tua fé te salvou". "Levanta-te" quer dizer, toma consciência de tua dignidade de filho de Deus e vai anunciar a todos a salvação que vim trazer. Amém.