I DOMINGO DO ADVENTO ANO B

ADVENTO, TEMPO DA ESPERA
POR: PE. TARCÍSIO AVELINO

A Liturgia deste primeiro domingo do advento nos define o que seja este novo tempo que iniciamos hoje, bem como nos ensina como devemos viver este tempo tão rico de graças.

Desde o princípio, o homem criado livre por Deus, optou por romper com Este Pai de Amor, com o qual podia conversar face a face recebendo, logo em seguida, por parte de Seu Criador a promessa de um redentor e foi aí que se iniciou uma espera tão longa que fez com que o profeta Isaías, como vemos na primeira leitura exclamasse: “Ah! Se rompesses os céus e descesse!” É o brado do coração humano cansado de procurar a paz e a felicidade onde ela não está, desiludido de buscar no próprio homem a solução para os seus problemas, percebendo que quanto mais tentou caminhar sem Deus pensando que seriam mais livres, mais se escravizaram de si mesmos. É um grito dolorido de quem só encontrou no homem sem Deus o ódio e as injustiças.

“Ah! Se rompesses os céus e descesses! (...) desceste, pois (...) jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam”. De fato, com a Encarnação de Cristo no ventre de Maria, os céus se rasgaram e Deus nos revelou sua face e nos mostrou todo Seu amor, no entanto, O Reino que Ele veio inaugurar, apesar de já ter sido pago para que cada um de nós dele possamos  desfrutar, foi apenas uma proposta, não uma imposição, e a maioria o rejeitaram. Antes de Cristo voltar para O Pai no dia de sua ascenção, nos deixou, como lemos no Evangelho de hoje, como responsáveis pelo cuidado de Sua casa, o mundo que desde o princípio Ele ordenara que o administrássemos: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra! Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre tudo ....” (Gn.1,28), mas o homem, livremente tem optado por viver longe de Deus o que o faz ser torturado pela saudade deste Deus, que no Paraíso conversava face a face com Adão e com Eva.

Santo Agostinho diz: “criastes-nos para ti e o nosso coração está constantemente inquieto enquanto não repousar em Ti”, daí que o suspiro do Profeta Isaías na primeira leitura é eco do suspiro de toda a humanidade.

No Evangelho de hoje Nosso Senhor nos ensina que a atitude com a qual devemos viver este tempo de espera é uma atitude de vigilância, mas a parábola que Ele se utilizou para nos fazer entender  como devemos viver este tempo nos mostra que esta vigilância não é passiva, uma vez que fomos constituídos por Ele como responsáveis pela Sua casa.

Que pena ver que esta casa que é o mundo está tão mal administrada pelos homens ao ponto de o planeta inteiro ter se ressentido da destruição desmedida a que foi submetido pela ganância do homem que tanta preencher com as coisas o vazio causado pela separação de Deus!

A culpa não é de Deus pelo mal que graça no mundo, mas do homem que foi por Deus capacitado para vencer as tentações bem como para administrar com sabedoria tudo o que nos foi confiado, não só nossa casa neste mundo mas também a casa na qual Deus quis habitar entre nós que é não somente OS Sacrários das Igrejas, como também o coração de cada ser humano. “Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo”.

Portanto, assumamos a capacitação que Ele nos concedeu e esperamos ativa e alegremente Aquele que deseja, mais do que nós mesmos preencher todos os anseios de nosso coração e celebremos com entusiasmo Sua primeira vinda, na Liturgia, para que contemplando Sua vida, encontremos o modo como devemos aguardar o Seu retorno glorioso. MARANATÁ, VEM SENHOR JESUS!!!!!!!!!!!!!!!!!

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

por: Pe. Tarísio Avelino
Não haveria outro mistério da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo melhor para encerrar o Ano Litúrgico do que a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo uma vez que este mistério é justamente, a coroação de todos os mistérios da vida dEle, que contemplamos ao longo de toda a liturgia a cada ano.
Com este mistério se encerra a missão de Cristo nesta terra, quando, conforme lemos na segunda leitura, todas as coisas a Ele submetidas pelo Pai, são por Ele submetidas novamente, “Àquele que tudo lhe submeteu”.
Assim, a Liturgia de hoje nos oferece os elementos que nos fazem entender porque Ele é o Rei do Universo e o que devemos fazer para reinar com Ele.
Cristo é O Rei do Universo não só porque Ele é O Verbo de Deus pelo qual tudo foi criado, como também porque foi por Ele que o universo, inteiro, submetido, pelo pecado a Satanás, foi resgatado pelo Seu Sangue derramado. No entanto, se Ele é Rei do Universo por direito, Seu reinado começa pelo coração das pessoas e, tendo nos criado livres como filhos, jamais reinará forçadamente no coração de ninguém por isso nos ensina, no Evangelho de hoje a única condição para que possamos reinar com Ele, a condição é o amor que se traduz em obras.
O Evangelho de hoje é a conseqüência final daquilo que aprendemos em Tg.2,16 onde lemos que a fé sem obras é morta e aqui, é interessante notar que o único critério que Nosso Senhor aponta que seremos julgados é o bem que tivermos feito ou não ao nosso próximo pois, se como Ele mesmo havia dito que “quem ama cumpriu toda a Lei”,  pois amar é assumir nossa condição de filhos Do Amor, amar é doação, é serviço e esse é O Poder do reinado de Cristo, como Ele nos ensinou ao terminar de lavar os pés de seus discípulos, um gesto que cabia aos escravos de então: “se Eu vosso mestre e Senhor vos lavei os pés, é para que vós façais o mesmo”. Este é o poder do reinado de Cristo, o poder-serviço, o poder do amor, não da tirania, nem da força, nem das armas, nem da argumentação.
Deus não precisa de nada. Ele se basta a si mesmo, por isso se identifica com cada pessoa que criou para nos impelir a servi-lO nelas, resgatando em nós a chama do amor que, muitas vezes jaz em nosso peito, coberta pelas cinzas de nosso egoísmo e pecado e aqui se explica o porquê de tanta severidade do juiz para aqueles que não serviram o seu próximo, porque Ele ama a cada um como se fosse seu único filho e não aceita que desprezemos aquilo que lhE pertence, uma vez que pagou tanto caro para resgatar cada pessoa, com o preço de Seu próprio sangue. É por isso que na primeira leitura Ele diz que fará “justiça entre ovelha e ovelha,entre carneiros e bodes”, porque, toda vez que nos recusamos a servir, recusamos nos assemelhar AO Nosso Pai e escolhemos nos assemelhar àquele que “veio para roubar matar e destruir”, àquele que foi expulso da presença de Deus, não por Deus, mas pela Luz que de Deus emana, ao se recusar, desde o princípio a servir, como é próprio do Amor.
“vinde” ou “afastai-vos” é a sentença que escutaremos na voz de nossa própria consciência, tantas vezes acolhida ou repelida ao longo de toda nossa vida como Ele mesmo diz que o “o julgamento já está lançado” (Jo.3,18), onde aprendemos que não precisamos esperar o dia do juízo para sabermos nosso veredicto final, lá no fundo, nossa consciência nos diz se estamos sendo coerentes com nossa fé ou não.
“Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!” Como Ele gostaria de dizer isso para cada um de nós!!!!!!! Ele que é O Próprio Amor deu a própria vida justamente para se dar a nós eternamente, preenchendo todos os anseios de paz e felicidade que todos as pessoas procuram, infelizmente, na maioria das vezes, tem tudo aquilo onde não encontrarão satisfação plena. “Vinde benditos de meu Pai”, como Ele anseia dizer isso para cada um de nós!!!! Se não fosse assim não teria chorado sobre Jerusalém, nem teria chorado a morte de seu amigo Lázaro, lágrimas de quem ama e não pode suportar ver sofrer ou morrer aqueles que quer ter sempre junto a Si!!
“Afastai-vos malditos!” Foi justamente por esses que Ele chorou!! Porque se tornaram malditos não por Deus mas justamente por terem se retirado de debaixo de sua bênção, Ele que faz ecoar até hoje para cada um de nós aquilo que havia dito para os habitantes de Jerusalem: “Ah, como Eu gostaria de reunir cada um de vós como a galinha reúne os pintinhos debaixo de suas asas!”

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM A

ADMINISTRADORES DE DEUS

POR: PE. TARCISIO AVELINO


“Todos nós somos filhos da luz e filhos do dia” essas palavras da segunda leitura nos mostram a imensa responsabilidade que temos sobre cada oportunidade que Deus nos oferece em nossa vida, tudo, cada coisa, aptidão, pessoas, tempo, cada centavo de dinheiro, cada dom e qualidade, tudo nos foi confiado por Aquele que “colhe onde não plantou”, Ele que “No princípio criou os céus e a terra” (Gênesis 1.1), ou seja, que do nada criou tudo, nos confia cada coisa como que nomeando-nos seus administradores para que possamos colocar tudo a serviço Dele e dos irmãos.

Nós não temos nada para oferecer que Dele não tenhamos recebido de graça, e se recebemos é para usar a serviço, uma vez que sendo filhos Do Amor, temos que ser à imagem Do próprio Amor, cuja essência é o sair de si para se dar, é a doação.

É neste sentido que a Parábola dos Talentos se constitui, ao final de cada ano litúrgico como um exame de nossa vida: de que modo estou vivendo, arriscando tudo por amor, para servir melhor, para me doar ao máximo, como os dois primeiros empregados que receberam, respectivamente cinco e dois talentos, ou, como o terceiro empregado que, enterrou seu talento, ( seus dons e oportunidade), vivemos paralisados pelo medo do fracasso ou pelo medo de Deus?

A Palavra de Deus diz que “o perfeito amor lança fora o temor” (1Jo.4,1-21) então o erro do terceiro servo foi ter contido em si o amor, num esforço supremo de tentar conter uma torrente que escolheu fazer de nós seus canais como lemos em Romanos 5,5: “porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, ora, se recebemos o amor, que é o próprio Espírito Santo, então também Ele é um Dom, aliás o DOM DOS DONS e como tal, não pode ficar retido mas é para ser partilhado.



Não devemos nos entristecer ao constatarmos que tantos receberam mais do que nós, mesmo se tivermos recebido somente um talento, pois na matemática de Deus a recompensa será a mesma para todos os que se esforçarem para fazer render o tanto que Dele recebemos, a recompensa é Ele mesmo! No entanto, não podemos nos esquecer que aquele que recebeu tem responsabilidades muito maiores: “a quem muito foi dado, muito será cobrado”...

“Sois filhos da luz e filhos do dia... Portanto não durmamos como os demais” essa idéia nos coloca no verdadeiro espírito da mensagem de hoje, não podemos perder tempo em partilhar e aplicar nossos talentos no sentido de que outros conheçam também a verdade e desfrutem, desde já a vida abundante que Cristo veio trazer para todos, é neste sentido que a primeira leitura nos traz a figura da mulher diligente, daquela esposa e mãe que, por amor tem sempre a criatividade de inventar mil maneiras para melhorar a vida de seus filhos e de seu esposo, porque ama!!

“No ocaso da vida seremos examinados no amor” (S. João da Cruz), então, amemos!! Pois o amor jamais conhece descanso, sempre ocupado em fazer o outro feliz! Amemos! Porque assim nos veremos impossibilitados de enterrar os dons que Deus nos deu! E poderemos ser contados entre os primeiros empregados e ouvir da boca Daquele que tanto nos confiou: “Muito bem servo bom e fiel! Como foste fiel no pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”


DIA DE TODOS OS SANTOS

FELIZES OS SANTOS

POR:  PE. TARCISIO AVELINO

Para quê uma solenidade para celebrar todos os santos? Se eles estão junto de Deus não precisam de nossos louvores, muito menos deles precisa Aquele que é o autor de nossa santificação, Deus Todo Poderoso, que se basta a Si mesmo. No entanto, no Salmo 102,1 encontramos a razão do porquê desta solenidade: "Bendize ó minha alma Ao Senhor e jamais te esqueças de nenhum de Seus benefícios". Este é o motivo desta solenidade, não são os santos, nem é Deus que precisam de nossos louvores, somos nós que deles precisamos, para que recordando todos os feitos do Altíssimo tiremos os olhos de nossos problemas e os coloquemos na grandeza dAquele que pôde realizar tão grandes feitos. A gratidão reaviva nossa memória para lembrar a fidelidade de Deus e Seu poder e nos coloca na verdadeira dimensão das coisas, do contrário, com os olhos fixos em nossos problemas, sucumbiremos pois eles nos parecerão grandes demais.
A liturgia de hoje nos convida a voltar nossos olhos para o céu onde estão os milhares de milhares de homens e mulheres como nós que "lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro", como lemos na primeira leitura, para que, voltando-nos para nossa meta, não só nos encaminhemos para ela, mas encontremos força no exemplo e na intercessão daqueles que, como nós, "passaram pela grande tribulação" que, aqui quer dizer as grandes perseguições que fizeram tantos mártires entre aqueles que seguiram O Cordeiro sem mácula que por nós deu a vida, mas também pode representar todos os sofrimentos de todos os cristãos, ao longo da história da humanidade que, jamais deixaram de buscar em Cristo a força em meio aos problemas da vida.
"Somos filhos de Deus", lembra-nos a segunda leitura, ora, se "filho de peixe peixinho é", filhos dAquele que é Santo, só podem ser santos, ou serão uma aberração!! Por isso o Evangelho de hoje, traça-nos, nas Bem Aventuranças, um perfil da personalidade de Cristo, para que possam imitá-lO, todos aqueles que quizerem habitar com Ele eternamente, uma vez que a Segunda leitura também nos lembra, que aqueles que nEle esperam se purificam, pois vão se assemelhando progressivamente a Ele para poder com Ele habitar eternamente.
Essa é a finalidade de conhecer e amar todos os santos, a de reconhecer e louvar a obra de Deus neles, para com isso, enxergarmos a obra que Deus quer fazer também em nós Seus filhos, contando com nossa docilidade ao Seu cinzel que é a Sua graça, que de tudo usa para nos lapidar e mais nos assemelhar a Ele, polindo em nós o lodo do pecado. Nesta obra dolorosa podemos contar com a intercessão daqueles que nos precederam, os santos.
Que Maria Ssma, Mãe dO Santo dos Santos, nos socorra nesta longa caminhada, voltando sempre os nossos olhos para a meta de nossa Pátria definitiva. Amém.