A PALAVRA DO FUNDADOR - 2° DOMINGO DA QUARESMA ANO B


DO TABOR AO CALVÁRIO

POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF

Como a palavra chave que percorre toda a Quaresma é a palavra CONVERSÃO, a liturgia de hoje nos convida a  converter a, a mudar a nossa mentalidade que busca a todo momento compreender os desígnios de Deus e olhar para a obediência de Abraão, que, jamais questionou os desígnios de Deus pois acreditava, como lemos na Segunda Leitura, que "Deus é por nós", mesmo que os acontecimentos de nossa vida pareçam provar o contrário.
Cristo já havia anunciado que deveria sofrer muito e morrer para nossa salvação e toma consigo as três tesmunhas de seu suor de sangue no Horto das Oliveiras e os leva consigo para o Tabor para oferecer-lhes um conforto, um refrigério aumentando sua força e sua fé para os sofrimentos que estão por se iniciar para a salvação da humanidade e para nos servir de exemplo de como devemos viver os sofrimentos desta vida decorrentes da separação de Deus que, desde o principio, no Paraiso o homem, pelo pecado escolheu para si,.
"É bom estarmos aqui" no sentido de conveniência, é como se Pedro dissesse convém ficarmos por aqui mesmo já que lá embaixo nos aguardam, como Cristo acabou de anunciar, tanto sofrimento, e Sua morte, no entanto, a Segunda Leitura nos mostra que os sofrimentos de Cristo foram necessários para cumprir a Justiça divina, não que Deus não pudesse perdoar de graça as ofensas que a humanidade já havia e haveria de cometer contra Ele, que, por ser amor é também justo e como tal, não poderia simplesmente nos perdoar sem que alguém satisfizesse pelos danos que os pecados de uns causam aos Seus demais filhos.
Noutra passagem Cristo diz ser NECESSÁRIO que Ele sofresse e morresse por nós, sim, necessário porque o homem se havia separado de Deus e causado muitos danos ao seu próximo então Ele se fez homem para, como homem sofrer no lugar de cada homem.
Na Primeira Leitura Deus poupa o filho de Abraão, o mesmo que fez com cada ser humano, e pôde nos poupar porque, como Lemos na Segunda Leitura não poupou Seu próprio Filho mas o entregou por todos nós.
Porque Adão desobedeceu, Cristo se fez homem para poder obedecer no lugar dos homens, suprindo com Seus méritos humanos e  divinos,  a obediência falha de cada homem que, por serem criaturas, finitas jamais satisfariam a ofensa infinita que fizeram ao Amor Infinito de Deus por nós.
A obediência de Abraão irá gerar plenitude de vida e de dons divinos (bênção), uma descendência numerosa “como as estrelas do céu ou como a areia que está na margem do mar” e a posse da terra (vers. 17). O mais interessante é a indicação de que a obediência do “justo” Abraão terá um alcance universal e resultará em bênção para “todas as nações da terra”.
Nesta “catequese”, a intenção fundamental do autor não é dizer-nos quem é Deus e como é que Ele age (por isso, não adianta estarmos a “perguntar” ao texto se, na realidade, os métodos de Deus passam por submeter o homem a provas desumanas a fim de o “testar”). A história do sacrifício de Isaac destina-se, sobretudo, a propor-nos a atitude que o crente deve assumir diante de Deus. Abraão é apresentado como o protótipo do crente ideal, que sabe escutar Deus e acolher os seus projectos com obediência incondicional, com confiança total… Mesmo que as propostas de Deus resultem incompreensíveis ou que os desafios de Deus interfiram com os projectos do homem, o crente ideal deve acolher os planos de Deus e realizá-los com fidelidade.
Assim, bom não é permanecermos nos momentos de alegria que Deus nos concede nesta vida como concedeu uns pequenos momentos de Tabor aos que haviam sido testemunhas de Seus sofrimentos no Monte das Oliveiras, bom é estarmos onde Jesus está seja no Tabor ou no calvário porque foi Ele quem disse que "quem renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz" Ele o ressuscitaria no ultimo dia, ademais,   "Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele?" Só quem tiver esta certeza não será, como Pedro no Evangelho de hoje, tentado a permanecer somente nos momentos de alegria tão curtos que essa vida oferece e  aceitará descer o Tabor para iniciar a subida do calvário para com Cristo ressuscitar depois da morte que nada mais é que o umbral da eternidade.

A PALAVRA DO FUNDADOR

HOMILIA DO I° DOMINGO DA QUARESMA ANO B


POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF

As Leituras da Liturgia deste Primeiro Domingo nos convidam a meditar sobre a Nova Aliança que Cristo veio inaugurar com a humanidade na qual se ingressa pelo Batismo que nos confere uma nova vida de filhos de Deus que consistirá, neste mundo numa constante purificação das más tendências que o pecado original deixou em nós, por meio das tentações que Deus permitiu desde o princípio para aumentar no homem as virtudes que mais o assemelhariam Àquele que o criara e com o qual desejava se unir eternamente.
Assim, a Primeira Leitura nos propõe os termos de uma Aliança, oferecida por Jahwéh à nova humanidade (representada por Noé e sua família, presente e futura) e a todos os seres criados (representados pelos animais que saíram da Arca). Nela, Deus compromete-Se a depor o seu “arco de guerra” e a garantir a perenidade da ordem cósmica.
A Aliança com Noé apresenta-se, no entanto, como uma Aliança completamente diferente da Aliança feita com Abraão, ou da Aliança feita com Israel no Sinai, ou de qualquer outra Aliança que Jahwéh fez com os homens. Nas outras Alianças, um indivíduo ou um Povo eram chamados a uma relação de comunhão com Deus e aceitavam ou não esse desafio; se o indivíduo ou o Povo em causa não aceitassem, não haveria relação e, portanto, não haveria Aliança… Ao contrário, a Aliança de Jahwéh com Noé não implica nenhuma adesão ou reconhecimento da parte do homem, nem implica qualquer promessa, por parte do homem, no sentido de não voltar a percorrer caminhos de corrupção e de pecado. A Aliança que Jahwéh faz com Noé aparece, assim, como um puro dom de Deus, um fruto do seu amor e da sua misericórdia. É uma Aliança incondicional e sem contrapartidas, que resulta exclusivamente da bondade e da generosidade de Deus.
O sinal desta Aliança será o arco-íris. Em hebraico, a mesma palavra (“qeshet”) designa o “arco-íris” e o “arco de guerra”… Jogando com esta duplicidade, o teólogo sacerdotal, autor deste texto, sugere que Jahwéh pendurou na parede do horizonte o seu “arco de guerra”, a fim de demonstrar ao homem as suas intenções pacíficas. O “arco-íris”, sinal belo e misterioso que toca o céu e a terra, é o “arco” de Jahwéh, através do qual a bondade de Deus abraça o mundo e os homens. O “arco-íris é assim, para o teólogo sacerdotal, um sinal que sugere a vontade que Deus tem de oferecer a paz a toda a criação.
 No Evangelho uma catequese sobre as opções de Jesus. Marcos sugere que, ao longo de toda a sua existência, {representada pelo número “quarenta dias”, que lembra a geração do povo que, no deserto marchava para a terra prometida e que passou a simbolizar a caminhada da humanidade neste mundo rumo ao Céu}, Jesus confrontou-Se com dois caminhos, com duas propostas de vida: ou viver na fidelidade aos projetos do Pai, fazendo da sua vida uma entrega de amor, ou frustrar os planos de Deus, enveredando por um caminho messiânico de poder, de violência, de autoridade, de despotismo, ao jeito dos grandes deste mundo. Jesus escolheu viver na obediência às propostas do Pai; da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia, um mundo novo que reproduz o plano original de Deus.
Na segunda parte do Evangelho deste domingo (vs. 14-15), temos uma outra cena. Marcos transporta-nos para a Galileia, onde Jesus aparece a concretizar esse plano salvador do Pai que, na cena anterior, Ele escolheu cumprir.
Jesus começa, precisamente, por anunciar que “chegou o tempo”. Que “tempo” é esse? É o “tempo” do “Reino de Deus”.
O “Reino de Deus” é uma noção que resume a esperança de Israel num mundo novo, de paz e de abundância, preparado por Deus para o seu Povo. Esta esperança está bem viva no coração de Israel na época em que Jesus aparece a dizer: “cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus”. Certas afirmações de Jesus, transmitidas pelos Evangelhos sinópticos, mostram que Ele tinha consciência de estar pessoalmente ligado ao Reino e de que a chegada do Reino dependia da sua acção.
Jesus começa, precisamente, a construção desse “Reino” pedindo aos seus conterrâneos a conversão (“metanoia”) e o acolhimento da Boa Nova (“evangelho”).
“Converter-se” significa transformar a mentalidade e os comportamentos, assumir uma nova atitude de base, reformular os valores que orientam a própria vida. É reequacionar a vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da existência do homem e ocupe sempre o primeiro lugar. Na perspectiva de Jesus, não é possível que esse mundo novo de amor e de paz se torne uma realidade, sem que o homem renuncie ao egoísmo, ao orgulho, à auto-suficiência e passe a escutar, de novo, Deus e as suas propostas.
“Acreditar” não é, apenas, aceitar um conjunto de verdades intelectuais; mas é, sobretudo, aderir à pessoa de Jesus, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração, fazer dela o guia da própria vida. “Acreditar” é escutar essa “Boa Notícia” de salvação e de libertação (“evangelho”) que Jesus propõe e fazer dela o centro à volta do qual se constrói toda a existência.
Mas para tanto é necessário que aprendamos com Cristo que, ao ser tentado nos ensina em que consiste, desde o pecado original a vida humana na terra, onde, desde o princípio Deus nos criou livres, permitindo, já no Paraíso a presença de Satã o mesmo que, ao tentar Jesus no deserto nos ensina que as tentações são permitidas para exercitar em nós as virtudes de Nosso Senhor até que, assemelhando-nos mais a Ele com Ele estejamos em condições de nos unir  eternamente no Céu.
A Segunda Leitura nos  adverte que se a Aliança que Deus fizera com Noé era puro dom de Sua Misericórdia que inaugurava uma nova humanidade sem, diferentemente de todas as Alianças anteriores, exigir nada em troca por parte do homem, na Aliança definitiva que Cristo vem inaugurar, é necessário que o homem entre na "nova Arca" que é o Batismo pelo qual aderimos a Cristo pela fé recebendo a salvação que  mais uma vez Ele oferece de graça, fazendo-se necessária a conversão no sentido de conformação da nova vida de filhos de Deus recebida no Batismo com a vida de Cristo nosso Mestre e Modelo.
“Conversão” e “adesão ao projecto de Jesus” são, neste sentido, duas faces de uma mesma moeda: a construção de um homem novo, com uma nova mentalidade, com novos valores, com uma postura vital inteiramente nova. Então, sim teremos um mundo novo – o “Reino de Deus”.
(adaptado do PORTAL DOS DEHONIANOS)
APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA EM 
PELLEVOISIN - FRANÇA - 1876 

A vidente

Estela Faguette nasce em 12 de Setembro de 1839. É ela que, aos 11 anos, na aldeia onde nasceu, leva o pendão de Nossa Senhora na procissão que festeja a proclamação do Dogma da Imaculada conceição, proclamado por Pio X em 8 de Dezembro de 1854. Ninguém imagina que, 22 anos depois, será ela que irá ser encarregada de proclamar as glórias de Maria no mundo inteiro.
Quando Estela tem 14 anos, o pai, devido aos negócios que correm mal, está na miséria. A família desloca-se para Paris e é Estela quem tem de ajudar materialmente o pai. Frequenta as Irmãs de S. Vicente de Paulo e a sua devoção a Maria é já bem visível. Aos 17 anos, entra para a congregação das irmãs Agostinhas de Hôtel-Dieu onde permanece três anos, dedicando-se aos mais necessitados. Ao fim deste tempo, tem de deixar a vida religiosa para de novo vir em auxílio dos pais. Vai servir para casa da família De La Rochefoucauld. A condessa encontra nela todas as qualidades para lhe entregar todo o tipo de responsabilidades.
Os condes, na estação quente, deixam Paris e vão instalar-se na sua casa de verão a três quilómetros de Pellevoisin, pequena aldeia dos arredores de Châteauroux.


15 aparições da Virgem a Estelle Faguette, em 1876

Primeira aparição
14 de Fevereiro de 1876: Aparição do demónio e, depois, da Virgem.
Desde há meses que Estela luta contra um grave tuberculose, rodeada de afeição e de bons cuidados. Está grata à condessa "a quem devo um pouco da minha resignação." Ela que dizia tantas vezes: "Minha pobre Estela, para sofrer assim tanto tempo, mais valia que Deus vos levasse, porque tudo leva a crer que nunca vos haveis de curar".
O sacramento da Extrema Unção dá-lhe uma serenidade total: "Nesse dia fiquei mais calma e disse muitas vezes: meu Deus, vós sabeis melhor que eu o que me é preciso, fazei o que vos agradar, apenas concedei que eu faça o meu sacrifício generosamente".
Aparição de Satanás
Na noite de 14 de Fevereiro de 1876, está esgotada. É perto da meia-noite. Uma personagem sinistra "de noite à procura da caça", apresenta-se junto da cama da moribunda; quer aproveitar-se do seu extremo cansaço.
Ela mesma conta: "De repente, o diabo apareceu ao pé da minha cama. Ó! Como tive medo. Era horrível, fazia-me caretas quando me apareceu a Virgem do outro lado da cama".
"Maria traz na cabeça um lenço muito branco"
Diz a Satanás:
Que fazes aqui? Não vês que Estela está revestida da minha libré (escapulário).
E tu, Estela, não tenhas medo, sabes bem que és minha filha!

A doença de Estela
Os pais de Estela vêm instalar-se em Pellevoisin em 1866. Ficam mais perto da filha que acompanha sempre a família de La Rochefoucauld a Poiriers-Montbel, durante a estação quente. Ficará mais barato viver em Pellevoisin do que em Paris. Quando a doença de Estela se agrava no Outono de 1875, a condessa atrasa o sua ida para a cidade.
Em Fevereiro de 1876, assuntos importantes esperam-na em Paris. Não pode demorar mais. Arranja uma casa perto da igreja e do cemitério de Pellevoisin onde instala confortavelmente Estela. Os pais Faguette, que moram em Pellevoisin desde há dez anos, vêm morar com a filha; poderão assim prestar-lhe mais facilmente os cuidados de que necessita. O seu estado físico é de tal forma desesperado, que o conde e a condessa compram, antes de partirem para Paris, um lugar no cemitério de Pellevoisim, para a sepultura da sua "criada" tão apreciada.
Em 14 de Fevereiro, o Dr. Hubert confirma as aparências: "Não tem mais que 4 a 5 horas de vida". Estela tem pelo menos a consolação de ver os pais instalados na mesma casa que ela, nos seus últimos momentos.
Estela Faguette não goza pois de boa saúde. Esta fraqueza física não é estranha à sua saída da comunidade com a idade de 20 anos. Os bons cuidados prestados pela condessa de La Rochefoucauld e a força de vontade de Estela triunfam temporariamente: durante onze anos, a sua dedicação é sem falha. Mas eis que em 29 de Agosto de 1875, o Dr. Bucquoy confirma que está gravemente atingida: sofre de "tuberculose pulmonar, de peritonite aguda e dum tumor abdominal." As lesões do pulmão progrediram de tal forma que se tornou contagiosa. O seu estado é tão grave que não pode mais trabalhar.
Estela tem 32 anos e não tenciona capitular tão facilmente. Decide recorrer aos meios extremos. Escreve directamente à Virgem. Entrega a carta à menina Reiter que vai colocá-la no parque do castelo, entre as pedras da gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. A resposta à carta chegará a Pellevoisin na noite de 14 par 15 de Fevereiro de 1876. Foram precisos cerca de seis meses para que a Virgem respondesse à carta de Estela, datada de Setembro de 1875.
Texto integral da carta de Estela Faguette dirigida à Virgem Maria em Setembro de 1875:
"Ó minha boa Mãe, eis-me de novo prostrada a vossos pés. Não podeis recusar ouvir-me. Não esquecestes que sou vossa filha, que vos amo. Concedei-me, pois, pelo vosso divino Filho, a saúde do corpo, para sua glória.
Olhai a dor de meus pais, sabeis bem que não me têm senão a mim como recurso. Não poderei acabar a obra que comecei? Se não puderdes, por causa dos meus pecados, obter-me a cura completa, podereis ao menos obter-me um pouco de força para poder ganhar a vida e a de meus pais. Bem vedes, minha boa Mãe, eles estão em vésperas de ter de mendigar o pão, não posso pensar nisso sem ficar profundamente aflita.
Recordai-vos dos sofrimentos que suportastes, na noite do nascimento do Salvador, quando fostes obrigada a ir de porta em porta pedindo asilo! Recordai-vos também do que sofrestes quando Jesus foi colocado na Cruz! Tenho confiança em vós, minha boa Mãe, se quiseres, o vosso Filho pode curar-me. Ele sabe que desejei vivamente ser do número das suas esposas e que foi para lhe ser agradável que sacrifiquei a minha existência pela minha família que tanto precisa de mim.
Dignai-vos escutar as minhas súplicas, minha boa Mãe, e transmiti-las ao vosso divino Filho. Que Ele me devolva a saúde se for do seu agrado, mas que seja feita a sua vontade e não a minha. Que pelo menos me conceda a resignação total aos seus desígnios e que isso sirva à minha salvação e à de meus pais. Possuís o meu coração, Virgem Santa, guardai-o sempre e que ele seja o penhor do meu amor e do meu reconhecimento pela vossa maternal bondade. Prometo-vos, minha boa Mãe, se me concederdes as graças que vos peço, de fazer tudo quanto de mim depender para vossa glória e do vosso divino Filho.
Tomai sob a vossa protecção a minha querida sobrinha e colocai-a ao abrigo dos maus exemplos. Fazei, ó Virgem Santa, que vos imite na vossa obediência e que um dia possua convosco, Jesus, na eternidade."
Estela Faguette

A sobrinha de Estela Faguette
No final desta carta, Estela coloca sob a protecção de Maria a sua pequena sobrinha.
Estela tinha duas irmãs, uma mais velha 3 anos, Genoveva, e outra mais nova que ela, Agostinha.
Genoveva Faguette Petitot morrre em 24 de Novembro de 1864 com 24 anos, deixando dois filhos: Eugénio morre a 20 de Fevereiro de 1865, com 13 meses.
A menina, Estela Petitot, tem 5 anos quando morre a mãe Genoveva Faguette Petitot.
É nesta altura que Estela Faguette toma a seu cargo a sobrinha que fica a morar com os pais. Estela com o seu salário sustenta o pai, a mãe e a sobrinha, "a pequena Estela", que habitam todos em Pellevoisin. No momento das aparições, Estela Petitot tem 17 anos e Estela Faguette pô-la como aprendiza em Paris, por 18 meses.
Depois desta aprendizagem, a pequena Estela volta a Pellevoisin, para casa dos pais Faguette e aí ficará até aos 22 anos.
Aos 22 anos, deixa a casa e não mais voltará. O lar Petitot, infeliz e desunido, foi para Estela Faguette causa de muita angústia e decepção. Ela que tanto tinha sofrido pela sua querida pequena sobrinha.

Segunda aparição
Maria anuncia três acontecimentos importantes.
O primeiro: durante cinco dias consecutivos, virei ver-te;
O segundo: sábado, morrerás ou ficarás curada;
O terceiro: se o meu Filho te conceder a vida, publicarás a minha glória.
Estela Faguette vai receber a visita de Maria quinze vezes no decorrer do ano de 1876.
As cinco primeiras aparições acontecem em cinco dias consecutivos, e segundo a própria Virgem:
Sofrerás ainda cinco dias, em honra das cinco chagas de meu Filho.
2ª aparição: 14 de Fevereiro de 1876
Maria aparece cinco vezes a meio da noite, em 14, 15, 16, 17, 18 de Fevereiro de 1876. A presença de Satanás que tinha sido importante no dia 14, torna-se cada vez mais discreta nos dias seguintes, de forma que no dia 18, está totalmente ausente. Inversamente, durante este tempo, a Virgem torna-se cada vez mais maternal: "Aproxima-se do meio da minha cama".
Estela: "Estou ainda muito perturbada com os pecados que cometi no passado e que aos meus olhos eram faltas ligeiras."
Virgem Maria:
As poucas boas acções e algumas orações fervorosas que me dirigiste tocaram o meu coração de mãe, estou cheia de misericórdia.
Estela fica estupefacta por ver que o pouco bem que fazemos, compensa a ingratidão das nossas faltas, por causa da bondade de Deus e da sua Mãe Misericordiosa.
Virgem Maria:
Recebi a tua carta. Vais ficar curada.
Terceira aparição
A partir de terça-feira, 15 de Fevereiro 1876, Estela sabe que será curada. Está tão pronta para morrer que fica decepcionada com a notícia.
Estela: "Mas, minha boa Mãe, se pudesse escolher, gostaria de morrer enquanto estou bem preparada."
Virgem Maria:
Ingrata! Se o meu Filho te devolve a saúde, é que tens necessidade. Se o meu Filho se deixou tocar, foi por causa da tua grande resignação e paciência. Não lhe percas o fruto por causa da tua escolha.
Quarta aparição: 16 de Fevereiro de 1876
Virgem Maria:
Essas poucas boas acções e algumas orações fervorosas que me dedicaste, tocaram o meu coração de Mãe; entre outras, essa pequena carta que me escreveste em Setembro de 1875. O que mais me tocou, foi esta frase: vede a dor dos meus pais se viesse a faltar-lhes. Estão em vésperas de mendigar o pão. Recordai-vos que também sofrestes quando Jesus vosso Filho foi posto na Cruz. Mostrei esta carta a meu Filho.
Em 14 de Fevereiro, Estela ouviu dizer-lhe:
Se o meu Filho te der a vida, quero que publiques a minha glória.
Escreve nas suas memórias: "Fiquei surpreendida, quando respondi excitada: mas, como hei-de fazer? Não sou grande coisa, não sei o que poderei fazer."
Quinta aparição: 17 de Fevereiro de 1876, Maria intervém:
Não tive tempo de dizer como fazer (…) Faz todos os esforços.
Sexta aparição: em 18 de Fevereiro de 1876, acrescentou:
Se quiseres servir-me, sê simples e que as tuas acções correspondam às tuas palavras. É possível salvar-nos em todas as condições; onde estás, podes fazer muito bem e podes publicar a minha glória.
O que mais me aflige é a falta de respeito que têm pelo meu Filho na Santa Comunhão, e a atitude de oração que tomam, quando o espírito está ocupado com outras coisas. Digo isto para as pessoas que pretendem ser piedosas. Publica a minha glória, mas antes de falares, espera o conselho do teu confessor e director; terás emboscadas, hão-de tratar-te de visionária, exaltada, louca, não prestes atenção a nada disto, sê fiel, eu te ajudarei.
No fim da aparição de 18 de Fevereiro de 1876:
Estela sofria horrivelmente: o coração batia-me com tanta força que pensava que me ia sair do peito. O estômago e a barriga também me doíam muito. Era-me impossível levantar a mão direita. Depois dum momento de repouso, senti-me bem. Perguntei que horas eram: era meia-noite e meia. Sentia-me curada, excepto o braço direito.
Sétima aparição em 1 de Julho de 1876
Maria:
Calma minha filha, paciência, terás sofrimentos mas eu estou aqui.
Oitava aparição em 2 de Julho de 1876
Maria:
Não temas nada, fica calma.
Nona aparição em 3 de Julho de 1876
Maria:
Queria que ainda ficasses mais calma.
10ª aparição em 9 de Setembro de 1876
Maria:
Ficaste privada da minha visita em 15 de Agosto. Não tinhas suficiente calma. Tens mesmo o carácter do francês: quer saber tudo antes de aprender e compreender tudo antes de saber.
11ª aparição em 15 de Setembro de 1876
Maria:
Vou ter em conta os esforços que fizeste para estares calma. Não é só para ti que o peço, mas também para a Igreja e para a França. Na Igreja não há essa calma que eu desejo.
12ª aparição em 19 de Setembro de 1876
Estela: "Tinha visto sempre aquela pequena coisa sem saber o que era, porque até aí tinha-a visto totalmente branca. Ao levantá-la, vi um coração vermelho que sobressaía muito bem. Pensei imediatamente que era um escapulário do Sagrado Coração."
Maria disse, agarrando-o:
Gosto desta devoção.
13ª aparição em 1 de Dezembro de 1876
Maria trazia mais uma vez o escapulário.
14ª aparição em 8 de Dezembro de 1876
Maria:
Tu mesma vais ter com o Prelado e vais mostrar-lhe o modelo que fizeste. Diz-lhe que te ajude com todo o seu poder e que nada me será mais agradável que ver esta libré em cada um dos meus filhos. Aplicar-se-ão a reparar os ultrajes que o meu Filho recebe no sacramento do seu amor. Vê as graças que derramarei sobre aqueles que o trouxerem com confiança e que te ajudarão a propagá-lo.
15ª aparição em 3 de Julho de 1876.
No final do dia, Estela vê de novo a Santíssima Virgem. Esta chega muito tarde e "não fica senão alguns minutos".
Maria:
Não te fixei a hora a que viria, nem o dia. Não vou ficar senão por alguns minutos.
Maria parece chegar duma recepção importante e quer partilhar a sua alegria com Estela.
Maria:
Vim acabar a festa.
Estela: Não sabia que festa era. Perguntei no dia seguinte ao Prior que me respondeu que era em Lourdes, a coroação de Nossa Senhora de Lourdes.

Reconhecimento pela Igreja
Na verdade, o arcebispo de Bourges, D. de la Tour d'Auvergne, foi o primeiro a reconhecer o escapulário, em 12 de Dezembro de 1876. De seguida, Leão XIII também o reconheceu.
Estela é recebida em audiência por Leão XIII em 30 de Janeiro de 1900. Este papa que, entre 1 de Setembro de 1883 e 8 de Setembro de 1901, publicou 15 encíclicas sobre o Rosário, está bem informado sobre os acontecimentos de Pellevoisin. Aproveita pata pedir detalhes sobre as alusões de Maria relativamente à Igreja e à França.
Em 4 de Abril de 1900, três meses depois da audiência de Estela, a Congregação dos ritos, a pedido do papa, autoriza oficialmente para toda a Igreja, o escapulário do Sagrado Coração, tal como a Virgem o trazia em Pellevoisin.
Bento XV acrescenta:
«Acredito que as origens são boas e podemos dizer que Pellevoisin é um lugar especialmente escolhido pela Virgem para aí derramar as suas graças (17 de Outubro de 1915).

Um exvoto
Desde a primeira aparição, em 14 de Fevereiro de 1876, a Virgem aponta para que se deverá conservar a memória destas aparições. Ao ver a placa de mármore branco colocada diante dela, Estela Faguette identifica-a como sendo um exvoto, quer dizer, um testemunho pelo favor obtido. A primeira preocupação de Estela é saber onde colocarão esse exvoto.
Estela: Mas, minha boa Mãe, onde deveremos colocá-lo? Será em Nossa Senhora das Vitórias em Paris ou em Pellevoi…? Não me deu tempo de acabar Pellevoisin sem que me respondesse:
Maria:
Em Nossa Senhora das Vitórias têm bastantes marcas do meu poder, ao passo que em Pellevoisin não há nada. Têm necessidade de estimulantes.
Tinha nos quatro cantos, botões de rosa em ouro. No cimo estava um coração de ouro inflamado com uma coroa de rosas, trespassado com uma espada.
Eis o que lá estava escrito:
Invoquei Maria do mais fundo da minha miséria.
Ela obteve de seu Filho a minha cura total.
A humilde Estela Faguette morreu com 86 anos e repousa no cemitério de Pellevoisin, não longe do túmulo de Georges Bernanos. No seu túmulo, duas palavras: "Sê simples".
           APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA EM LAUS

“Eu pedi Laus a Meu Filho para a conversão dos pecadores e Ele vos concedeu para mim”.
Palavras da Santíssima Virgem à menina Benoite, em Laus, França, 1666.
O Vale de Laus está situado em Dauphiné, sul da França, aos pés dos Alpes, a sudeste de Gap. No dialeto local a palavra Laus significa lago. Em 1666 a pequena aldeia era formada por vinte famílias espalhadas em oito pequenas casas. Os habitantes tinham construído uma capela dedicada à Anunciação, em Notre-Dame de Recontre (Nossa Senhora do Bom Encontro, significando Anunciação).
“Eu pedi Laus a Meu Filho para a conversão dos pecadores e Ele vos concedeu para mim”
Foi este isolado lugarejo que Nossa Senhora escolheu para aparecer e promover um outro “Bom Encontro”, servindo-Se de uma menina pastora iletrada chamada Benoite Rencurel. A Santíssima Virgem revelaria depois à Sua menina: “Eu pedi Laus a Meu Filho para a conversão dos pecadores e Ele vos concedeu para mim”.
O sofrimento foi uma constante na vida de Benoite. Desde os primeiros anos de vida sempre conviveu com a dura realidade de sua extrema pobreza, agravada por ocasião do falecimento de seu pai quando ela tinha apenas sete anos.
Nasceu em 1647, em setembro, dois meses antes do nascimento de Santa Margarida Maria, outra futura confidente do Sagrado Coração.
Vivendo em extremas dificuldades, os credores foram incansáveis com relação à viúva Benoite. Seus filhos tiveram de trabalhar duro para manter a família.
A menina Benoite não foi apenas uma ajuda, mas uma proteção para sua mãe, que tinha educado fielmente seus filhos na fé católica, ensinando-lhes o Pai Nosso, a Ave Maria e o Credo.
Deparando-se com um venerável homem que trajava vestes semelhantes às de um bispo da Igreja primitiva
Um dia a menina viu alguns homens indo para sua casa. Ela correu para avisar a mãe, lutando contra um deles que se atreveu a oferecer o seu dinheiro em troca de sua força. Benoite e sua família composta por doze pessoas, que até então viviam em dolorosa penúria, aceitou a proposta de pastorear ovelhas para dois patrões ao mesmo tempo. Assim, em meio à privação, sacrifício e oração a futura Santa foi predestinada e sendo preparada para a missão que desempenharia.
Em maio de 1664, aos dezessete anos, quando cuidava de seu rebanho e rezava o terço, sua devoção favorita, repentinamente deparou-se com um venerável homem que trajava vestes semelhantes às de um bispo da Igreja primitiva. Ele veio até ela e disse: “Minha Filha, o que você está fazendo por aqui?”
“Estou cuidando de minhas ovelhas, orando a Deus e à procura de água para beber”.
“Eu vou tirar água para você”, responde o homem idoso. E ele se dirige até à beira de um poço que Benoite não tinha visto.

"Você é tão bonito!" disse ela. "Você é um anjo, ou Jesus?"

"Eu sou Maurice (Saint Maurice, ou São Maurício), a quem a vizinha capela (então em ruínas) é dedicada... Minha filha, não volte a este lugar. Faz parte de um território diferente, e os guardas tomariam o seu rebanho, se a encontram por aqui. Vá para o vale acima em Saint-Étienne. Lá você verá a Mãe de Deus."

"Mas Excelência, Ela está no céu. Como eu poderei vê-La onde dizes?"

"Sim, Ela está nos céus, na terra, e também onde Ela quer." 
De frente a pequena gruta que estava no local, a menina viu uma Senhora de beleza incomparável trazendo uma não menos bela Criança em suas mãos
Bem cedo, na manhã seguinte, Benoite conduziu o rebanho para o local indicado, o Vallon des Fours (Vale dos fornos), assim chamado porque no alto do morro deste vale continha gesso, que os habitantes da aldeia extraíam e preparavam para utilizar em suas construções.
Benoite tinha chegado apenas à frente de uma pequena gruta que estava no local quando ela viu uma Senhora de beleza incomparável trazendo uma não menos bela Criança em suas mãos.
Ela ficou encantada com a visão. Apesar da previsão do ancião (Saint Maurice) do dia anterior, a ingênua menina pastora não podia imaginar que estava agora na presença da Mãe de Deus. Pensou que estava diante de uma mera mortal, e disse muito inocentemente:

"Bela Senhora, o que está fazendo aqui? Veio comprar gesso?"

Em seguida, sem esperar por uma resposta, ela acrescentou com espontaneidade: "a Senhora faria a gentileza de nos deixar pegar esta criança? Este menino iria nos deliciar a todos!"

A dama sorriu, sem responder. Fascinada, Benoite admirava a bela Senhora. Chegando o momento de sua refeição, ela tomou um pedaço de pão e disse:

"A Senhora gostaria de comer comigo? Eu tenho aqui alguns pãezinhos muito gostosos."

A Senhora sorriu novamente e continuou deixando Benoite desfrutar de Sua presença, indo e vindo para fora da cavidade da rocha da gruta de onde apareceu. Benoite aproximava-se e se afastava dela. Depois, ao cair da tarde, a Senhora tomou a criança nos braços, entrou na gruta e desapareceu.
Manifestando-se sobre aquela isolada montanha para uma menina iletrada, a Rainha do Céu condescendeu uma intimidade afetiva que seria surpreendente se nós não soubéssemos que a bondade de Maria não tem limites
No dia seguinte e durante os próximos quatro meses, Benoite contemplou aquele lugar a alegria dos Anjos e os ornamentos do Céu. O rosto da menina pastora transfigurava-se no momento das aparições. Ela compartilhou sua felicidade com as pessoas do povoado com alegre simplicidade. Vendo a mudança característica que ocorre nos semblantes dos videntes, as pessoas começaram a perguntar, "O que ela está vendo? Seria a Santíssima Virgem que ela está vendo?" Benoite nunca ousou perguntar à Senhora quem era, contentando-se em desfrutar da alegria que a dama lhe proporcionava.

Antes de fazer de Benoite Sua amiga e dispensadora das Suas graças, a Santíssima Virgem acompanha dedicadamente a pastora, atraindo para Si a alminha da menina com irresistível atração. Em seguida, depois de dois meses de silêncio, fez dela sua aluna e começou a falar-lhe, a fim de ensinar, testar e incentivá-la.

Manifestando-se sobre aquela isolada montanha para uma menina iletrada, a Rainha do Céu condescendeu uma intimidade afetiva que seria surpreendente se nós não soubéssemos que a bondade de Maria não tem limites.
Com a doçura e paciência de uma mãe, Maria Santíssima formou gradualmente Sua escolhida, tendo em conta a futura missão que lhe estava predestinada
Um dia Nossa Senhora convidou Benoite para descansar ao lado dela. Cansada por brincar com o Menino, a menina pastora dormiu pacificamente sobre a orla do manto da Virgem. Em outra ocasião, com o objetivo de instruir as mães do povoado a ensinarem seus filhos a rezar, Maria Santíssima repetiu, palavra por palavra, a ladainha de Loreto. Instruiu também Benoite a ensinar as meninas de Saint-Étienne a irem à Igreja para lá com elas rezar e cantar todas as noites.
Com a doçura e paciência de uma mãe, Ela formou gradualmente Sua escolhida, tendo em conta a futura missão que lhe estava predestinada.  A piedosa jovem era inculta, muito teimosa e muito impaciente. Antes da Virgem revelar pessoalmente Seu nome, iniciou Benoite o papel que ela deveria cumprir por toda sua vida:trabalhar na conversão dos pecadores através da oração, do sacrifício e de uma especial vocação — a exortação. Deus lhe concedera o carisma da leitura do coração.
Assim, muitas vezes a ela era dada a pesada tarefa de corrigir as almas das pessoas e divulgar a triste condição delas. Quando necessário, ela lembrava os pecados esquecidos ou escondidos de alguns e, dessa forma, exortava-as para se purificarem e se reconciliarem com Deus.
“Sua senhora está escondida atrás da pedra”, disse Maria. “Diga-lhe para que não mais blasfeme contra o nome de Jesus, porque se ela continuar agindo assim não haverá paraíso para ela"
Entre muitas conversões, uma impressionante ocorreu não só para dar crédito à aparição, mas para a vidente também.
A Sra. Rolland, patroa de Benoite, uma mulher de posses que não tinha qualquer interesse em religião, queria ver por si mesma o que estava realmente ocorrendo no local das aparições.
Um dia antes do amanhecer, em segredo ela chegou antes de Beonite até a gruta e escondeu-se atrás de uma pedra. A menina pastora chegou alguns instantes mais tarde e logo já viu a Virgem Santíssima.
“Sua senhora está escondida atrás da pedra”, disse Maria. “Diga-lhe para que não mais blasfeme contra o nome de Jesus, porque se ela continuar agindo assim não haverá paraíso para ela: sua consciência está em muito mau estado, ela deve fazer penitência”.
A mulher, que tinha ouvido tudo, começou a chorar e prometeu mudar sua atitude. E realmente ela manteve sua palavra.
A Santíssima Virgem disse à menina pastora: “Diga às meninas de St. Stephen’s que cantem a ladainha da Santíssima Virgem na Igreja todas as noites, com a permissão do Prior, e você verá o que vai acontecer”
A notícia das aparições começaram a se espalhar e as pessoas comentavam por toda parte. Muitos acreditaram, mas vários permaneceram incrédulos e viam a menina pastora como uma falsa mística. Entre as muitas pessoas que apoiaram Benoite poucas foram as meninas de St. Stephen’s que, tal como ela, amavam Maria de todo coração.
A Santíssima Virgem disse à menina pastora: “Diga às meninas de St. Stephen que cantem a ladainha da Santíssima Virgem na Igreja todas as noites, com a permissão do Prior, e você verá o que vai acontecer”.
De fato, uma vez que tinham aprendido a sua “lição”, a ladainha era cantada todas as noites co muita devoção.
Interessante observar que Laus está situada na diocese de Embrun. Desde 1638, ano da consagração da França à Maria Santíssima pelo Rei Luis XIII, a ladainha de Loreto era cantada regularmente na catedral de Embrun. Devido aos relatos das aparições, Francois Grimaud, magistrado de Avançon Valley, um bom católico e homem íntegro, decidiu instaurar um inquérito. Após um sério exame ele concluiu que Benoite não enganava ninguém, nem era uma impostora, muito menos uma doente mental. Ele também observou que a “Bela Senhora” não havia pedido a Benoite para revelar sua identidade.
A pedido do magistrado, embora isso custasse muito à Benoite, ela foi obrigada a perguntar: “Minha boa Senhora, eu e todas as pessoas neste local não sabemos quem é a senhora. A senhora é a Mãe de nosso bom Deus? Agradeceria muito se me dissesse que é, e construiremos uma capela aqui para homenageá-la”.  
“Eu sou Maria, a Mãe de Jesus"
Em resposta, a aparição celeste respondeu que não havia necessidade de construir coisa alguma ali porque Ela tinha escolhido um local mais agradável. Então acrescentou: “Eu sou Maria, a Mãe de Jesus. Você não me verá mais aqui por algum tempo”. E Benoite não viu a Senhora Celestial durante um mês inteiro. Isso causou um pesar tão profundo na menina que sem a ajuda do Céu ela não teria sobrevivido.
Em 20 de setembro de 1664, do outro lado da ribeira, a meio caminho da colina que leva a Laus, ela viu novamente a Santíssima Virgem. “Ah, boa Mãe!” exclamou ela, “por que a Senhora me privou da alegria de vê-lA por tanto tempo?” Então ela atravessou o córrego que estava bem cheio e lançou-se aos pés da Rainha do Céu.
A Bem-Aventurada Virgem lhe disse: “De agora em dia, você me verá apenas na capela que está em Laus”. 
Maria mostrou-lhe o caminho que ela deveria subir ao longo do morro em direção a Laus, uma aldeia que a menina tinha ouvido falar, mas nunca visitara, embora conhecesse a aldeia de St.-Étienne d’Avançon. Assegurou-lhe que reconheceria o lugar quando sentisse uma "doce fragância".
Ao entrar na humilde capela abandonada, Benoite encontrou a sua Bela Dama de pé, sobre um altar coberto de poeira
Em 1640, algumas pessoas piedosas tinham construído uma pequena capela dedicada a Notre-Dame de Bon Recontre (Nossa Senhora do Bom Encontro) erigida na solidão de Laus. Essa capela tinha sido construída com a finalidade de recolher as pessoas para ali rezar, quando as águas se elevavam e os impedia de irem até a igreja paroquial, em Saint-Étienne.
Exteriormente, a construção humilde parecia com todas as outras pequenas casas, medindo pouco mais de dois metros quadrados. Tinha um altar de gesso cujos ornamentos se resumiam em apenas dois castiçais de madeira e um cibório de cobre. E era ali que a Rainha do Céu esperava a jovem menina pastora, como em um novo estábulo de Belém...
Porém, Beonite que nunca tinha ouvido falar da capela, no dia seguinte, passou um longo tempo procurando pela capela, em lágrimas, passando aqui e ali sempre à procura. Ela parou na entrada de cada habitação na tentativa de detectar a “doce fragância”. Finalmente, ela sentiu o perfume perto de uma porta entreaberta. Ao entrar no humilde recinto, Benoite encontrou a sua bela dama de pé, sobre um altar coberto de poeira.
"Querida Senhora, gostaria que eu depusesse meu avental sob seus pés? Há muito pó!"
Sobre o altar empoeirado a Santíssima Virgem lhe disse: "Minha filha, você tem procurado diligentemente por Mim, mas não deveria chorar. Mesmo assim, você Me deixou satisfeita por não ter se mostrado impaciente."
Benoite humildemente aceitou esta observação. E, em seguida, notou com tristeza a condição miserável do altar. Com espontânea simplicidade perguntou: "Querida Senhora, gostaria que eu depusesse meu avental sob seus pés? Há muito pó!"

"Não, minha filha... Logo nada faltará neste lugar — nem vestes, nem altar de linhos, nem velas. Eu desejo que seja construída uma grande igreja neste local, juntamente com um edifício para abrigar alguns padres residentes. A igreja será construída em homenagem ao meu querido Filho e a Mim. Aqui muitos pecadores serão convertidos. Eu irei aparecer muitas vezes neste lugar".

"Construir uma igreja?" exclamou Benoite. "Não há dinheiro para isso aqui!"

"Não se preocupe. Quando chegar a hora de construir, você irá encontrar tudo o que precisar, e não demorará. Os tostões dos pobres irá fornecer tudo. Nada irá faltar."
Nossa Senhora disse-lhe: “Orem continuamente para os pecadores”
Ao longo de todo o inverno de 1664-65, apesar dos quatro quilômetros que separavam a aldeia de Saint-Étienne da capela de Laus, Benoite subiu até lá todos os dias. E muitas vezes ela viu a Virgem.
Nossa Senhora disse-lhe: “Orem continuamente para os pecadores”.
Frequentemente, a Virgem lhe dizia os nomes para os quais a menina deveria orar. Desta forma, Maria Santíssima foi formando Benoite para a sua missão, que era ajudar no sacramento da Confissão e reconciliação dos pecadores. A partir de 1665, a Virgem pediu-lhe para que parasse de pastorear os rebanhos, a fim de dedicar-se à sua missão.
A Virgem tinha dito a Benoite:
“Eu pedi Laus para meu Filho para a conversão dos pecadores, e Ele ma concedeu a Mim”.
Graças e bênçãos eram derramadas sobre as almas; centenas e milhares de pessoas começaram a vir rezar na capela dos pobres
Essas palavras da Mãe de Deus foram realmente cumpridas. Conforme propagava-se a notícia das aparições, o número de visitantes a Laus aumentava gradativamente. Graças e bênçãos eram derramadas sobre as almas; centenas e milhares de pessoas começaram a vir rezar na capela dos pobres. Curas de todos os tipos abundaram e pecadores foram convertidos em grande número. Em 25 de março de 1665, menos de um ano após a primeira aparição, uma imensa multidão chegou à capela deserta.
Nesse mesmo ano, em 3 de maio, por ocasião da Festa de Santa Cruz, trinta e cinco paróquias convergiram até ali, cada qual com sua respectiva bandeira. Altares para confissões tiveram que ser improvisados ao ar livre para atender a piedade do povo. Sacerdotes da região viram-se obrigados a oferecer sua ajuda ao Padre Fraisse, pároco de Saint-Étienne, e ouvir as muitas confissões.
Prudentemente, as autoridades diocesanas não pronunciaram nenhuma decisão, mas permitiram celebrações de missas na capela. Foi então que o Reverendo Canon Pierr Gaillard, o Vigário Geral da Diocese de Gap, entrou em cena. Ele tornou-se o diretor da peregrinação e, mais tarde, fez várias narrações persistentes em função de sua autoridade. Após sair do período de curiosidade em agosto de 1665, ele ali solicitou e obteve graças tão grandes que ficou imediatamente convencido da autenticidade das aparições.
"Diga ao vigário geral que ele pode muito bem tornar Deus que desce do céu na Eucaristia com o poder que recebeu quando se tornou padre, mas ele não tem ordens para dar a Mãe de Deus”
Naquela época, Laus pertencia à Diocese de Embrun. Sendo da Diocese de Gap, Padre Gaillard não possuía autoridade para passar um acórdão oficial. Após a recomendação de vários sacerdotes, ele escreveu para o Padre Antoine Lambert, Vigário Geral da Diocese de Enbrun, e pediu que ele iniciasse um inquérito eclesiástico.
Padre Lambert mostrou-se mais frio em ralação as aparições em Laus. Ele estava convencido de que as visões de Benoite eram diabólicas e a jovem pastora uma visionária comum.
Em 14 de setembro de 1665, voltou para Laus na companhia de vários eminentes sacerdotes, todos opositores aos acontecimentos em Laus, dispostos a pôr fim a “esta magia”, denunciar a postura de Benoite e fechar a capela.
Quando a pobre pastora ouviu que tinham chegado, ela tinha tanto medo que procurou fugir, mas a Mãe de Deus a tranqüilizou: “Não, minha filha, você não deve fugir. Você deve continuar e fazer justiça a esses homens da Igreja. Interrogar-te-ão um por um e tentarão confundi-la com suas próprias palavras. Mas não tenha medo. Diga ao vigário geral que ele pode muito bem tornar Deus que desce do céu na Eucaristia com o poder que recebeu quando se tornou padre, mas ele não tem ordens para dar a Mãe de Deus”.   
O vigário geral respondeu: "Bom, se aquilo que as pessoas estão dizendo é verdade, então reze à Ela para me mostrar a verdade através de um sinal ou um milagre, e então farei tudo o que posso para realizar a Sua vontade"
Quando chegou a Laus, o vigário geral entrou na capela para rezar por um momento e, em seguida, convocou a menina pastora. Apoiado por seus colegas interrogou duramente Benoite na tentativa de apanhá-la em contradição. Mas a menina manteve-se imperturbável e tranqüila, respondendo com simplicidade e firmeza. Suas palavras eram claras e surpreendentemente consistentes.
"Não pense que eu vim aqui para autorizar seus sonhos e ilusões, e todas as coisas estranhas que estão dizendo sobre você e este lugar", disse o Vigário Geral severamente. "É minha convicção e todos nós que temos bom senso, que seus sonhos são falsos. Assim, vou encerrar esta capela e proibir a devoção. Quanto a você só tem de ir para casa."

E por inspiração da Virgem, a menina pastora respondeu-lhe: "Eminência, embora o senhor possua o poder de a cada manhã fazer Deus chegar até ao altar pelo divino poder que recebeu quando se tornou padre, o senhor não tem ordem para dar à Sua santa Mãe, e ao que a Ela agrada realizar aqui".

Impressionado com estas palavras, o vigário geral respondeu: "Bom, se aquilo que as pessoas estão dizendo é verdade, então reze à Ela para me mostrar a verdade através de um sinal ou um milagre, e então farei tudo o que posso para realizar a Sua vontade. Mas, mais uma vez, tome cuidado para que todas essas coisas não sejam ilusões e efeitos de sua imaginação para iludir o povo. Não permitirei abusos e lutarei com todos os meios ao meu alcance".
"Milagre! Milagre! Catherine Frasco está curada!"
Benoite agradeceu e prometeu-lhe humildemente rezar, de acordo com suas intenções. Padre Fraisse, o pastor de Saint-Étienne, o Juiz François Grimaud e Padre Pierre Gaillard também foram interrogados. O vigário geral, em vez de fechar o oratório, fez um inventário detalhado e escreveu no seu relatório referente a essa sua longa visita pastoral. Ele tinha planejado deixar a cidade ainda naquela noite, mas uma pesada chuva obrigou-o a permanecer por mais dois dias.
Na verdade, a Santíssima Virgem tinha organizado assim, de forma que ele testemunharia um impressionante milagre.

Uma mulher bem conhecidos da área com o nome de Catherine Frasco tinha sido vítima, nos últimos seis anos a partir da contração dos nervos em suas pernas: eram ambos dobradas para trás e parecia vinculado ao seu corpo, e nenhum esforço poderia separá-los. O seu caso tinha sido declarado incurável por dois eminentes cirurgiões. Tendo chegado a Laus com sua mãe para fazer uma novena, ela inspirava compaixão ao ser vista durante todo o dia na capela. Cerca de meia-noite do último dia da novena, ela sentiu de repente um relaxamento e suas pernas começaram a se mover. Ela estava curada.

Na manhã seguinte, ela entrou na capela, caminhando com suas próprias pernas, enquanto o vigário geral estava celebrando a missa. Sua presença causou uma grande agitação no povo que exclamava: "Milagre! Milagre! Catherine Frasco está curada!" Movido pelas lágrimas, Padre Lambert teve grande dificuldade para terminar sua missa. Padre Gaillard, que estava servindo, escreveu, "Eu sou um fiel testemunha de tudo o que ocorreu." E o vigário geral declarou, "Existe uma coisa extraordinária ocorrendo nesta capela. Sim, a mão de Deus está lá!"
O vigário geral finalmente autorizou a construção da igreja, conforme a Virgem solicitara
Padre Lambert interrogou a mulher que tinha sido curada e escreveu um relatório oficial sobre o milagre. Então ele autorizou todos a entrarem na capela para cantar o Te Deum e a ladainha da Santíssima Virgem. Designou dois jovens padres para capelães em Laus: Padre Jean Peytieu, que iria morrer de exaustão com a idade de quarenta e nove depois de vinte e quatro anos de ministério totalmente dedicado às almas, e o Padre Pierre Gaillard, que exerceu um exemplar para o ministério há cinquenta anos como diretor da peregrinação.
Padre Barthelemy Hermitte foi nomeado para servir como seu assistente, o que ele fez durante vinte e oito anos, até sua morte. O vigário geral finalmente autorizou a construção da igreja, conforme a Virgem solicitara.

A pequena capela de Laus, onde tantas maravilhas estavam ocorrendo, dificilmente abrigava dez ou doze pessoas. Tornou-se absolutamente necessário substituí-la por uma igreja maior. A construção e o financiamento da igreja constitui um caso à parte no que diz respeito "as maravilhas de Laus."
Foi sobretudo os mais pobres, as poucas pessoas, que assumiram o desafio de construir a igreja solicitada pela Virgem
Embora não se dispusesse de recursos, a construção foi realizada com grande entusiasmo. Foram sobretudo os mais pobres, as poucas pessoas, que assumiram o desafio, duplamente difícil, devido ao precário acesso por estradas intransitáveis. A população da área e os muitos peregrinos que iam até Laus carregavam pedras de um riacho para a construção local; até mesmo os filhos dos aldeões se empenhavam no intento. Todo mundo quis doar alguma coisa, quer materiais ou dinheiro. Levou um ano para recolher todo o material necessário.
Graças à tenacidade do Pai Gaillard, a construção foi concluída de acordo com as indicações que Nossa Senhora havia dado a Benoite. Para grande crédito das pessoas do lugar, a capela de Notre-Dame de Bon Rencontre foi incorporada na estrutura e se tornou o coro da nova Igreja.

Em 7 de outubro de 1666, Festa do Santo Rosário, Padre Gaillard estabeleceu a primeira pedra do edifício, e os Padres da Gap Dominicana presidiram a uma longa procissão de peregrinos. Foi nessa ocasião que Benoite se tornou uma Dominicana Terciária. A partir de então, ela usava o véu e a capa de terciário, e o povo começou a chamá-la "Irmã Benoite".
Os primeiros historiadores da Laus são unânimes em mencionar o milagre da "doce e celeste fragrância" do lugar
Padre Gaillard dirigiu o trabalho de construção. Benoite via tudo e motivava os trabalhadores. Ela preparava suas refeições, rezava com eles e dizia palavras de salvação e, por vezes, acrescentava conselhos úteis para evitar acidentes. Como resultado desta situação, ao longo de toda a duração do processo de construção, não foi ouvido uma única blasfêmia e não ocorreu nenhum acidente.
Dentro de quatro anos, a igreja foi concluída (1666-70). Um dos primeiros historiadores escreveu, "A Igreja de Nossa Senhora de Laus foi construída para o canto dos salmos e hinos. As mãos dos pobres reuniram todo o material, fizeram doações e cavaram seus alicerces. A Providência levantou suas paredes, e a confiança em Deus".
Os primeiros historiadores da Laus são unânimes em mencionar o milagre da "doce e celeste fragrância" do lugar. Eles mencionam este fenômeno como um acontecimento público testemunhado por um grande número de pessoas.
Por vezes, o fenômeno das fragâncias era tão intenso que o seu odor a partir da capela espalhava-se por todo o vale.
Cada vez que a Virgem lhe homenageava com Sua visita, as pessoas sentiam uma fragrância celestial permeando toda a Igreja
A "doce fragância" tornou-se um dos sinais dessa intervenção celeste em Laus. Testemnha o Juiz François Grimaud: "Durante a temporada de Páscoa de 1666, eu senti uma fragrância muito doce por cerca de sete minutos, eu nunca tinha cheirado nada parecido em minha vida, e ela deu-me tão profunda satisfação que eu me vi arrebatado".
A partir de 24 de março relacionados até o final de maio 1690, a igreja de Laus era tão intensamente permeada com esta fragrância que todos os peregrinos puderam comprovar este fato.
Em 1716, porque ele ainda sentia essa "doce fragrância," Honore Pela, um escultor de Gap, doou uma bela estátua em mármore de Carrara, representando a Virgem e o Menino. Mesmo em nossos dias, este fenômeno de fragrâncias ainda é ocasionalmente experimentado pelos peregrinos. Para evitar qualquer possibilidade de engano, flores, normalmente, não são permitidos no santuário.

Irmã Benoite respirava esses perfumes em sua fonte. Consta nos manuscritos do relatório de Laus que "cada vez que a Virgem lhe homenageava com Sua visita, as pessoas sentiam uma fragrância celestial permeando toda a Igreja. Às vezes, as vestes da menina pastora foram profundamente impregnadas com o celeste perfume até oito dias. De modo sobrenatural, essas fragrâncias eram tão doces e deliciosas que elevava a alma, superando todas as outras fragrâncias da terra".
Sempre que Benoite era visitada por sua boa Mãe, seu rosto parecia resplandecer, como o de Moisés ao descer do Sinai; ela permanecia de joelhos, recitava a ladainha da Santíssima Virgem, e depois, durante o resto do dia sentia-se incapaz de comer.
Consta nos manuscritos do relatório de Laus que "cada vez que a Virgem lhe homenageava com Sua visita, as pessoas sentiam uma fragrância celestial permeando toda a Igreja. Às vezes, as vestes da menina pastora foram profundamente impregnadas com o celeste perfume até oito dias. De modo sobrenatural, essas fragrâncias eram tão doces e deliciosas que elevava a alma, superando todas as outras fragrâncias da terra"
Assim como as águas em Lourdes, o óleo do santuário produz efeitos benéficos até os dias de hoje
Um dia, no inverno de 1665, a Virgem Maria aconselhou Benoite a convidar todos aqueles que se encontravam doentes e pediu que aplicassem em seus membros debilitados um pouco do óleo da lâmpada do santuário.
Nossa Senhora disse-lhe que se os doentes aplicassem esse óleo em si próprios com fé, por Sua intercessão eles seriam curados, porque Deus concedera aquele lugar para Ela para a conversão dos pecadores.

Curas físicas e morais foram concedidas em grande número por meio desse óleo, quando aplicado com fé.
Assim como as águas em Lourdes, o óleo do santuário produz efeitos benéficos até os dias de hoje.
Em Laus, Maria fez da jovem pastora um instrumento para conversão dos pecadores
Mais do que em qualquer outro lugar, neste santuário a Virgem Maria apareceu a Benoite pelo menos uma vez por mês durante cinqüenta e quatro anos. Ali, Maria fez da jovem pastora um instrumento para conversão dos pecadores. Fiel à sua missão, Benoite nunca deixou de rezar, fazer sacrifícios e exortar a todos que se dirigiam àquele local.
Para muitas pessoas, não existe nada mais difícil do que ir à Confissão. Ao invés de admitir seus pecados aos sacerdotes através do sacramento da reconciliação, a fim de receber indulgência, muitas almas preferem parar de praticar sua religião e abandonar-se profundamente em pecado. Para trazer novamente a Jesus essas almas, a Virgem Maria deu à Benoite o excepcional privilégio da leitura das almas.
Mais tarde São João Maria Vianney e, mais recentemente o Santo Padre Pio, receberam esse mesmo carisma que em muito contribui para a conversão dos pecadores.
Sua tarefa mais difícil era repreender ou avisar certas almas segundo as solicitações de Nossa Senhora
Inspirada pelo Céu, Benoite persuadia os pecadores para que se confessassem e, se necessário, revelava-lhes pecados esquecidos ou escondidos. Ela podia “ver consciências como em um espelho, todos de uma vez”, dizia. Este seu carisma permitia-lhe ler nas almas suas falhas, pecados graves ou menos graves, motivações ocultas, hipocrisia e erros muitas vezes cometidos inconscientemente. Ela exortava as pessoas para um estado de simplicidade e pureza de alma, humildade e firme vontade de melhorar.
Às vezes, Benoite era obrigada a fazer observações dolorosas e dizer coisas que não eram fáceis de se ouvir, mas ela era tão gentil e compassiva que as pessoas que a procuravam em geral ficavam muito gratas a ela. Essas pessoas, depois que conversavam com ela, sentiam-se motivadas a purificar cada aspecto de suas consciências, de modo a transformarem verdadeiramente suas vidas.
Sua tarefa mais difícil era repreender ou avisar certas almas segundo as solicitações de Nossa Senhora.  Benoite confessava que se sentia indigna para realizar essa tarefa. Além disso, a Santíssima Virgem muitas vezes lhe repreendia, embora com doçura maternal. Essas admoestações a constrangia e algumas vezes ela aguardava uma segunda ordem de Maria Santíssima para obedecer.
Muitos sacerdotes foram advertidos pela Virgem, através de Benoite, quanto a sua indiscrição, falta de prudência na forma de questionar penitentes, por seus comportamentos negligentes, rancores.
A Virgem lhe aconselhava: "Esforce-se para nunca abandonar a presença de Deus, porque quem tem fé nunca se atreve ofendê-lO”
O Senhor concedera-lhe também o dom de ver o estado espiritual dos padres no altar. Via-os com luz ou manchados, de acordo com o estado de suas consciências. 
A Santíssima Virgem, por outro lado, não tolerava qualquer falha em Sua mensageira ensinando-a:
“Tome sempre cuidado, Minha filha! Tenha paciência... Faça o seu dever alegremente... Não guarde nenhum ódio contra os inimigos de Laus... Não se incomode com os doentes que a procuram, ou se as pessoas não ligam para seus conselhos... Não se deixe perturbar pelas tentações nem pelos assuntos seculares... Esforce-se para nunca abandonar a presença de Deus, porque quem tem fé nunca se atreve ofendê-lO.”
A humilde menina pastora não podia amar Maria sem sentir um profundo amor a Jesus, Seu Divino Filho. Ela tinha escolhido Jesus como o único Esposo da sua alma. Voluntariamente aceitou sofrer com Ele para conversão dos pecadores. Havia uma cruz à entrada do vale de Laus. Benoite descia para lá todos os dias para rezar de joelhos. Contemplava nosso Salvador em Sua cruz e seu coração se fundia com o amor, a compaixão e o pensamento do Senhor em Seu desejo de salvação dos homens.
Benoite viu Jesus crucificado ensangüentado e em agonia, contemplou as feridas em Suas mãos, pés e lado, e todas as chagas cobrindo Seu corpo
Jesus aparecia-lhe e revelava-lhe a realidade de Seus sofrimentos.
Benoite viu Jesus crucificado ensangüentado e em agonia, contemplou as feridas em Suas mãos, pés e lado, e todas as chagas cobrindo Seu corpo.
Transportada nessa tristeza, a menina disse: “Oh, meu Jesus, se você permanecer mais um instante revelando-me Sua paixão, vou morrer!”
Essas visões da paixão do Senhor causavam-lhe tanto sofrimento que um dia seu Anjo Guardião veio tranqüiliza-la, dizendo: “Não se turbe, minha irmã. Embora o nosso Divino Mestre tenha surgido a você nesta condição, Ele não está sofrendo qualquer coisa agora. Ele quis apenas mostrar-lhe o quanto sofreu por amor a raça humana.”
Mas essas palavras não a consolavam.
O fato de Seu bom e doce Mestre ter sofrido na forma como ela presenciou, fez com que ela mantivesse a grande compaixão que sentia. 
Visões da paixão do Senhor e crucificações místicas
Na sexta-feira, 7 de julho de 1673, Cristo lhe aparece ensanguentado e diz:
"Minha filha, estou a mostrar-Me a ti nesta condição de modo que tu também possas participar dos sofrimentos da minha paixão".
Todas as semanas a partir dessa data, a da crucificação, ela passou a sofrer uma experiência mística que ocorria de quinta e sábado de manhã. Tal experiência da crucificação durou quinze anos, com uma interrupção de dois anos a partir de 1677 a 1679, quando Benoite servia comida para os trabalhadores que construíam a residência para os sacerdotes. Em novembro de 1679, a crucificação mística novamente ocorreu na Cruz de Avançon.

Os inimigos da Laus, incluindo alguns sacerdotes, consideravam essas experiências místicas como surtos de doença, ou fenômenos relacionados com a epilepsia ou histeria. Para eles, os capelães que conduziam as peregrinações eram tidos por "visionários, idiotas e loucos que crêem tão facilmente numa garota louca".
No que diz respeito ao martírio exterior de Benoite, devido a sua humildade, ela suplicou que seus sofrimentos se tornassem menos visíveis. A Santíssima Virgem apareceu-lhe no sábado seguinte e disse: "Você não terá mais os sofrimentos das sextas-feiras, mas terá muitos outros." 
Cristo sempre marca a autenticidade de suas obras com o selo de Sua Cruz
De fato foram "muitos outros". O ódio de Satanás fazia-se sentir cada vez mais em tudo ao seu redor. Na verdade, Cristo sempre marca a autenticidade de suas obras com o selo de Sua Cruz.
Canon Gaillard afirma que a partir de 1664 a 1672, a onda de incredulidade sobre a autenticidade das aparições começou a se acirrar. Porém, durante os próximos vinte anos surgiram inqualificáveis contradições, especialmente entre o clero, infectado com o veneno da seita Jansenista.
Com a morte de Padre Lambert, Vigário Geral da diocese de Embrun, emitiu-se um interdito contra a santa menina. Um documento foi afixado sobre as portas da catedral de Embrun, ameaçando de excomunhão qualquer padre que celebrasse a Missa na capela Laus. Também colocaram um sinal na porta da igreja de Laus proibindo devoções públicas sobre o lugar.
No entanto, refutando um claro sinal de abuso de autoridade, a Bem-Aventurada Virgem ordenou a Benoite, "Removam esse papel ... e deixem que celebrem a Missa como era antes." Ela foi obedecida. 
Passou então a ocorrer uma onda de falsas aparições naquela região, a ponto de enganar muitas almas fracas
As aparições em Laus e a hostilidade contra Benoite foram terrivelmente hostis ao longo dos próximos vinte anos. O bispo, já velho e em um Estado enfraquecido designou dois capelães que não eram a favor do Laus, e virou as costas. Durante quinze anos Benoite foi mantida sob prisão domiciliária, com permissão de apenas assistir a missa dominical.

Passou então a ocorrer uma onda de falsas aparições naquela região, a ponto de enganar muitas almas fracas. As devoções a Laus praticamente pararam por um tempo. Benoite vivenciou profunda solidão e desprezo de todos ficando privada até mesmo da companhia de seus diretores espirituais.
Mesmo assim, a tática doas trevas não obteve sucesso em arruinar completamente a peregrinação. O Anjo de Guarda de Benoite, para confortá-la, levantou-lhe um pouco do véu que escondia seu futuro: "Haverá sempre problemas em Laus até que sejam estabelecidos religiosos aqui”.

A mensageira da fidelidade triunfou durante este longo "eclipse do Laus". Enfim, o Bispo de Embrun despertou da sua apatia. Em 1712, seis anos antes da morte Benoite, a direção da peregrinação foi confiada a alguns bons padres, chamados Pères Gardistes, um grupo profundamente religioso, movido por um desejo ardente para o apostolado.
O Anjo Guardião de Benoite disse-lhe, "a devoção de Laus é obra de Deus, que nem o homem nem o diabo poderão destruir. Continuará até o fim do mundo"
Em 18 de março de 1700, o Anjo Guardião de Benoite disse-lhe, "a devoção de Laus é obra de Deus, que nem o homem nem o diabo poderão destruir. Continuará até o fim do mundo, cada vez mais próspero e ostentando grandes frutos em todos os lugares".

Por um lado, a heróica escolhida de Maria era atormentada pelos demônios do inferno, por causa de seu carisma em favor da conversão dos pecadores. Mas, por outro lado, ela viveu na familiaridade com os anjos. Ela foi especialmente perto de seu Anjo Guardião, a quem confidenciava todas as dores e sofrimentos, consultando-o frequentemente.
Por sua vez, seu Anjo sempre correspondeu a esta confiança absoluta em todos os tipos de serviços. Devido à perfeita simplicidade de Benoite, o contato com seu Anjo Guardião era um fenômeno natural para Benoite. Seu Anjo ensinou-lhe as virtudes de algumas plantas e lhe ajudava a limpar sua pequena capela.
Uma vez, ela havia esquecido seu xale, pouco mais de um pano cortado, pendurado em uma floresta. Chegando à noite e sofrendo amargamente de frio, seu Anjo lhe apareceu, trazendo em suas mãos o xale esquecido. Em muitas ocasiões ele abriu a porta da igreja para ela e recitou o Rosário em sua companhia. Por outro lado, ele também sabia quando corrigi-la. Chegou a confiscar um belo Rosário que havia sido dado a Benoite, e para o qual ela tinha um grande apego. Depois de um longo tempo ele o devolveu.
Quando sua boa Mãe do Céu deixou de visitá-la, isso para sua purificação, Satanás gritou, "Ela abandonou você... Você não terá mais qualquer recurso, somente a mim!"
A despeito dos contínuos sofrimentos, Benoite permaneceu fiel aluna de Maria e eficaz intercessora para a conversão dos pecadores. Quando sua boa Mãe do Céu deixou de visitá-la, isso para sua purificação, Satanás gritou, "Ela abandonou você... Você não terá mais qualquer recurso, somente a mim! "Benoite respondeu, "Ah, eu preferiria morrer mil vezes abandonada por Maria, do que renunciá-lA por um só momento!"

Consumida por uma forte febre, repentinamente suas noites se tornaram longas como anos. Permaneceu acamada um mês antes de sua morte.
No dia de Natal de 1718, depois de pedir perdão às pessoas que estavam presentes, por maus exemplos que ela poderia ter dado durante a sua vida, Benoite solicitou e recebeu o Santo Viático. Sua boa Mãe Lhe reapareceu neste momento, deixando uma fragrância que permeava o interior de seu modesto quarto.
"Cabe à nossa boa Mãe abençoá-los", disse ela
Os Pères Gardistes oraram por sua cura. "Dois anos mais, Senhor!" imploram eles. Mas em 28 de dezembro, ela insistiu em receber a Extrema Unção. Ela recebeu o última Sacramentos às três da tarde. Não houve óbito agonia; ela parecia muito feliz. "Nós somos seus filhos," Pe. Royere disse a ela. "Você nos abençoa antes de nos deixar?"

Benoite, em sua humildade, declinou esse pedido, mas depois venceu a sua simplicidade. "Cabe à nossa boa Mãe abençoá-los", disse ela. E, levantando a mão de seu leito, sem querer recusar-lhes essa consolação, disse-lhes: "Eu vos dou essa benção de bom grado, bons Padres".

Calmamente ela disse adeus a todos.

Cerca de vinte horas, após as orações, ela pediu à sua afilhada para recitar a ladainha do Menino Jesus. E assim, faleceu em alegria, aos setenta e um anos de idade, morrendo em odor de santidade, como estipulado pela inscrição em seu túmulo.
Irmã Benoite Rencurel foi declarada Venerável em 1871 e beatificada em 1984. A Igreja no Laus foi elevada à categoria de Basílica menor em 1893.

Entre as grandes figuras que tinham uma especial devoção a Nossa Senhora de Laus, podemos citar Santo Eugene Mazenod (1782-1861), fundador dos Oblatos de Maria Imaculada; São Pedro Julião Eymard (1811-1868), fundador do Santíssimo Sacramento Padres e servos; Dom Jean Baptiste Chautard (1858-1935), Abade de Sept-Fons, e há certamente muitos outros que permanecem desconhecidos para nós.

A pedido do Bispo da diocese, Santa Maria de Mazenod assumiu a responsabilidade pelo Santuário de 1819 a 1840. Durante esse período ele transferiu para o noviciado e escolasticado de Laus, onde se reuniu com o Padre Bruno Guigues, que se tornou o primeiro bispo de Otava, Canadá.

No que diz respeito à São Peter Julian Eymard, ele foi praticamente onze anos de idade quando a repetida insistência ele obteve permissão para fazer uma peregrinação de sessenta quilômetros a pé, enquanto implorava por seu pão. Ele passou nove dias no santuário da santa na sua preparação para a Primeira Comunhão. Mais tarde ele escreveu, "Foi aí que eu cheguei a conhecer e amar Maria". Ele tinha uma grande devoção para a sua "Boa Mãe de Laus" toda a sua vida.
Conclusão
Em 5 de maio de 2008, a Igreja francesa reconheceu oficialmente o caráter sobrenatural das aparições de Nossa Senhora a Benoite Rencurel, no Santuário de Laus, nos Alpes franceses. Para a ocasião, houve uma Celebração Eucarística, presidida pelo bispo da diocese de Gap e de Embrun, Dom Jean-Michel di Falco Leandri, que assinou o decreto de reconhecimento. 
Essa maravilhosa intervenção de Maria nos aproxima de Seu incomparável amor maternal. Seus cuidados com uma reduzida população isolada, privada dos mínimos recursos espirituais oferecidos pela Igreja; Seus pedidos para a construção de um santuário dedicado ao Seu Filho; as curas milagrosas com a utilização do óleo do santuário; Suas exortações à conversão, à oração e à penitência para a conversão dos pecadores e, sobretudo, Seu ampro à humilde Benoite, dando-lhe a resistência necessária contra todos os embustes do Maligno, tudo isso nos oferece uma pálida idéia da dimensão de Sua indissuadível aspiração em preservar a fé como o mais eficiente instrumento de misericórdia divina a toda criatura.
Nossa Senhora de Laus, Refúgio dos pecadores, olhai com bondade e compaixão para nossas fraquezas físicas e morais! Tende misericórdia de vossas crianças e condescendência para converter todos nós inteiramente ao amor de vosso Divino Filho Jesus!