"AGORA NOS FOI DADO CONHECER O QUE AGRADA A DEUS"
Por Pe. Tarcísio Avelino, TF.
“Volta-te Jacó e abraça a Sabedoria! Felizes somos nós pois nos foi dado
conhecer o que agrada a Deus”. Estes dois últimos versículos da sexta leitura
da Vigília Pascal nos ajudam a comtemplar o viés de todas as nove leituras que
a compõem, onde vemos narrada toda a Historia da Salvação, desde a criação até
o momento Redenção do universo, que, como lemos na Primeira Lietura havia sido
colocado nas mãos do homem mas este, usando mal de sua liberdade preferiu
buscar a felicidade longe de Deus julgando ser isso possível longe Dele, único
capaz de, como lemos na Quinta Leitura, saciar gratuitamente, “sem dinheiro e
sem pagar”, nossa fome e todos os anseios de nosso coração, como por graça nos
criou e de graça nos redimiu quando Dele nos afastamos.
Esta sexta Leitura afirma que A
Sabedoria é o Livro dos mandamentos de Deus e que Deus a manifestou fazendo-a
habitar entre os homens e conclui dizendo: “Felizes somos nós porque nos é dado
conhecer o que agrada a Deus”. De fato, na cruz de Cristo se resume toda a sua
vida que foi uma revelação não só da vontade de Deus de nos salvar a qualquer
preço, não hesitando em nos entregar Seu Filho unigênito para morrer em nosso
lugar, como também cada gesto e atitude de Cristo é uma revelação da vontade de
Deus a nosso respeito que consiste em dar a nossa vida pela salvação de todos,
dar a vida que consiste em gasta-la toda no serviço aos irmãos com a disposição
de perde-la se necessário fôr, para, com o testemunho de nossa fé apresentarmos
o Único Caminho da salvação, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
“Felizes somos nós porque nos é dado conhecer o que agrada a Deus”. De
fato, depois do pecado original, o homem ficou de tal maneira cego que, sua
necessidade imensa de Deus só pode aproximá-lo por séculos, de Deus, através de
suas caricaturas, fazendo com que os inúmeros atributos de Deus, conhecidos por
intuição, pela razão humana e pelos sinais da natureza, fossem interpretados,
cada um, como um deus, de tal forma que, muito demorou para que a mente humana
estivesse preparada para receber a revelação do Deus Único que se apresentou a
Abraão, de uma forma tão inusitada que jamais deixaria em dúvida aqueles que,
se tornariam, pelo testemunho de sua fé, seus descendentes até o fim do mundo.
O modo como Deus lidou com Abraão, foi o de colocar à prova até o limite
a fé que Deus mesmo lhe dera, como lemos na Segunda Leitura, ao ponto de exigir
o sacrifício do filho único Isaac, que Deus lhe havia dado na velhice, como
preparação para que a humanidade entendesse um dia o quanto custou ao Pai
providenciar o Seu Filho como cordeiro para remissão de nossos pecados.
É a Cristo que esta Sexta Leitura se refere ao chama-Lo d Livro dos
Mandamentos de Deus, no qual Deus nos revela Sua Sabedoria, pois o egoísmo que
brotou no coração do homem cresceu tanto ao ponto de que o próprio Deus veio
nos reensinar o que lhE agrada, o amor, que resgata em nós Sua imagem e semelhança
desfigurada pelos pecados dos homens e é pelo Batismo prefigurado pela passagem
do povo de Deus pelo mar vermelho, que os frutos da Redenção operada por Cristo
no calvário passam a estar disponíveis para cada pessoa que a Ele adere pela
fé. Do mesmo modo que o Faraó e todos os egípcios que escravizavam o povo de
Deus ficaram sepultados atrás do povo depois que atravessaram o mar, também
hoje, ficam sepultados, depois do batismo, o homem velho com todos os seus
pecados, vícios e culpas, nas águas que Cristo, com Seu Batismo previamente
santificou, para nossa purificação. Este é o significado do Círio pascal ser
mergulhado, nesta noite na água que é abençoada para o Batismo e é por isso que a Oitava Leitura diz que pelo batismo somos sepultados com Cristo em Sua morte e, ao mesmo tempo com Ele ressuscitamos para uma nova vida.
Assim, se ao longo de toda a História da salvação, Deus tinha se mostrado fiel a todas as Suas promessas, muito nos admira que as mulheres tenham buscado entre os mortos Aquele que havia prometido ressuscitar exatamente ao terceiro dia em que elas procuram para ungir como um cadáver Aquele que os dois Anjos, no Evangelho de hoje testemunham estar vivo, com isso, contemplando a fidelidade de Deus no cumprimento de todas as Suas Promessas comprovamos palmo a palmo a garantia dad por Ele comprovada na Encarnação e morte Seu filho, e nunca mais poderemos daquilo que hoje Ele nos diz, não mais como promessa, mas como fato consumado: " Ainda que as colinas, oscilassem e as montanhas se abalassem, jamais vacilará meu pacto de paz", pois não há maior prova de amor do que dar a vida e foi esta prova que Deus nos deu de que está disposto a tudo para nos reconciliar consigo.