III DOMINGO COMUM C

PROFETAS DO AMOR E POR AMOR
POR: PE. TARCÍSIO AVELINO, TF

Queridos irmãos, neste Terceiro domingo do Tempo Comum, no ano da fé a Liturgia nos propõe um tema que nos ajuda a compreender porque Deus quer que “o justo viva da fé”  como lemos na Palavra de Deus, é para respeitar a liberdade do homem que Deus veio ao mundo como profeta, Ele poderia ter simplesmente perdoado nossos pecados e estralado os dedos para nos levar ao arrependimento de nossos pecados, no entanto isso seria um Deus que se impõe e, no entanto Ele quiz nos criar livres para podermos escolher corresponder ou não ao Seua amor por isso, veio ao mundo como profeta para não só com Sua Palavra Eficaz nos convencer da Verdade mas principalmente com a Sua vida, principalmente do alto da Cruz desmascarar a mentira. Essa é a missão do profeta: Anunciar a Verdade de que Deus nos ama total, pessoal e incondicionalmente e isso ficou claro n a cruz, lá Ele mostrou claramente até onde vai o amor de Deus por nós, mas a vocação profética é também Denunciar, desmascarar toda mentira, e do alto da Cruz Cristo tirou o véu de cegueira que pairava sobre a humanidade desmascarando aos nossos olhos até onde vai a maldade do homem sem Deus.
«Não pôde fazer ali milagre algum» (Mc.6,4). Não é má vontade de Jesus - podem crer. É mesmo falta de fé, por parte da sua gente. É gente, que não quer acreditar num Deus que aterra tão perto das suas ruas, de um Deus que percorre os caminhos dos homens, de um Deus que entra e sai, pela porta, do vizinho do lado. Ora, esta falta de fé, num Deus assim, tão próximo, tão humano, fecha portas a qualquer milagre. Porque onde não há fé, Deus passa-nos ao lado. O que os nazarenos buscam em Jesus não é, com certeza, o rosto do Deus connosco; eles querem sobretudo um Deus à sua medida, um Deus que lhes dê jeito; um Deus que resolva os seus problemas, um Deus que lhes dê o céu, de barato; um Deus que lhes dê saúde e bem-estar, que multiplique o pão. Se assim fosse… ah, bem depressa o fariam Seu rei e Messias (cf. Jo 6,15).
Mas Jesus sabe bem que milagres assim não libertam as pessoas; antes se apoderam delas. E Deus, de facto, não se apodera de ninguém. Deus propõe-se-nos. Deus quer ser amado, numa resposta livre, que nunca podemos dar, sem confiar nEle, sem nos entregarmos a Ele, no salto escuro da fé. «A fé é precisamente a resposta ao dom do amor, com que Deus vem ao nosso encontro» (DCE 1). «Para ser humana, a resposta da fé, dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária» (CIC, n. 160) e não vencida, pela força de qualquer gesto divino mirabolante! Deus não nos invade; bate sempre à porta da nossa fé. Deus não se impõe, pela força de qualquer evidência. Deus não nos conquista, pela exibição de qualquer passe de magia, como se não tivéssemos hipóteses de não acreditar. Se assim fosse, se Deus se impusesse pela exuberância do anormal, nem sequer seríamos livres, para acreditar! Se assim fosse, isto é, se Deus nos convencesse pela magia do espetáculo, pela surpresa do extravagante, nós teríamos simplesmente de nos render a Ele, seríamos vencidos e esmagados pela sua grandeza, sem argumentos, contra tais factos, sem explicação científica, humana ou natural. Mas não. Deus não se impõe. Deus propõe-se-nos. Quem se impõe ou se apodera, espera ser obedecido. Mas Deus quer ser amado, numa resposta livre, que nunca podemos dar, sem confiar nEle, sem nos entregarmos a Ele, no salto escuro da fé.
É Justamente porque Deus é amor que quer que nós também o sejamos, pois todo pai tem direito de querer que Seus filhos sejam semelhantes a ele, é por isso que nos criou livres como Ele é O Totalmente livre e respeita esta liberdade a tal ponto que, mesmo tendo nos libertado da escravidão do pecado devolveu-nos a capacidade de escolher entre o bem e o mal, conservando em nós o vício, a pecaminosidade, a concupicência, como consequência secundária de nosso pecado, mas, colocando dentro de nós uma força muito superior a essa propenção para o mal que é nada mais nada menos que O Seu Espírito, que é O Amor do Pai e do Filho capacitando-nos a amar como Ele nos amou.
É por amor que Cristo fez milagres fora de Sua terra, mas é por este mesmo amor que Ele não os fez em Sua terra, para respeitar a liberdade de Seus conterrâneos que livremente optaram por não acreditar nEle, exigindo milagres que fizesse dEle um messias a seu gosto.
Na primeira leitura vemos que todos nós, antes de sermos concebidos no ventre de nossa mãe, já havíamos sido consagrados profetas, pois pelo Batismo passamos a fazer parte da Igreja que, sendo o corpo de Cristo, participa da missão de Cristo nossa cabeça. Mas a segunda leitura nos mostra como deve ser o exercício de nossa vocação profética, pelo amor à Verdade sim que liberta, mas sempre movidos pelo amor que tudo perdoa, suporta, crê e espera, do contrário, corremos o risco de, enxergando, pelo poder do Espírito as coisas à luz da Palavra de Deus, acharmos que somos melhores do que aqueles que devemos instruir e guiar esquecendo-nos de que, por mais que já tenhamos conformado nossa vida com A Palavra que anunciamos, estaremos sempre aquem da medida que nos foi posta por Cristo: "sede santos COMO o Vosso Pai celeste é santo" e que por isso não podemos ser melhores do que ninguém. Só assim o orgulho não tirará a eficácia do nosso testemunho profético. Assim seja.


 

Um comentário:

  1. Padre Tarcísio
    "Sêde santos como vosso Pai é Santo"Grande responsabilidade dos religiosos,dar testemunho de vida!No Salto escuro da fé,em completo abandono,deixar que Deus nos use!!!!!
    Ir Maria Leticia do Sagrado Coração

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