SEXTA FEIRA SANTA: "EU SOU, EU NÃO SOU"
POR: PE. TARCÍSIO AVELINO, TF
Celebrar a Paixão de
Cristo é celebrar as últimas consequencias da liberdade humana na qual Deus nos
criou pois a morte de Cristo é o clímax da maldade do homem sem Deus e do
tamanho do amor de Deus pelo homem ao ponto de se entregar livremente nas mãos
de daqueles, que, desobedecendo A Soberana Vontade de Deus, romperam com A Vida
e se depararam com a morte e com todoso os sofrimentos que a antecede.
“Guarda a tua espada
na bainha. Então não vou beber o cálice que meu Pai me preparou”. Essa pergunta
de Cristo mostra a sua absoluta liberdade de optar ou não pela vontade do Pai e
que na verdade, não foi Judas que O entregou, mas foi o próprio Jesus que
voluntáriamente se entregou por amor a nós, em conformidade com O Pai que O
havia entregado a nós desde Sua Encarnação no ventre de Maria, como lemos: “Então
Jesus, consciente de tudo o qu ia acontecer, saiu ao encontro deles”. Vemos que
quem dirige a cena é Cristo. Ele “foi levado
como ovelha ao matadouro” (primeira leitura”, sim. Ele foi levado, mas não
obrigado, foi levado porque, na verdade se deixou levar para oferecer a “sua
vida em expiação” pelos nossos pecados, para nos justificar “carregando sobre
si as nossas culpas”.
“Por causa de nossos
pecados” diz a primeira leitura, foi porque o homem livremente escolheu romper
com Deus que Ele livremente se fez homem para sofrer em nosso lugar as
consequencias de nossa ruptura com Ele que é A Vida.
Celebrar a Paixão de
Cristo é contemplar a verdadeira identidade de Deus que é amor e a verdadeira
identidade do discípulo de Cristo, que se quizer viver em comunhão com O EU Sou
que livremente se apresenta como Deus para se entregar aos soldados que lhe vem
prender, precisa, também, diferentemente de Pedro responder “EU SOU” discípulo
de Cristo, quando por causa de Cristo nos virmos em perigo de morte, já que Ele
disse que aquele que perder por Ele a sua vida a encontrará novamente na
eternidade.
“SOU EU”, revela
Cristo sua verdadeira identidade divina ao se entregar para nossa salvação. “Não
sou eu”, responde Pedros tres vezes negando ser discípulo de Cristo para
livrar-se de uma morte que, para aqueles que não se envergonham de Cristo é
apenas passagem para uma vida que não tem fim, ao passo que para aqueles que
dEle se envergonharem diante dos homens também Ele, deles se envergonhará
diante do Pai.
A negação de Pedro se
dá justamente no momento em que Seu Mestre está sendo julgado pelo sumo
sacerdote que lhe pergunta por Seus discípulos ao que Cristo responde que nada
ensinou ‘as escondidas para que se
salvassem o maior número daqueles que escutassem suas palavras, ao passo que, Pedro,
como discípulo, cuja função é passar os ensinamentos de Seu Mestre, se esconde
para salvar sua própria vida em detrimento da de muitos.
Celebrar a Paixão de
Cristo, é, portanto, celebrar a revelação plena da identidade de Deus que é
amor, no grau máximo que a mente humana pudesse compreender sem gozar da visão
beatífica quando “seremos semelhantes a Ele porque O veremos tal como Ele é”.
E, ao contemplar na cruz o quanto Ele nos ama vemos que, desde o princípio Ele
anseia por se unir em esponsais desposando a nossa humanidade mas, tendo nos
criado livres, preferiu correr o risco de ter que tomar vinho estragado quando
na cruz desposou de tal forma nossa humanidade que se desfigurou completamente
com todas as feridas com as quais nos ferimos nos caminhos espinhosos que são
os caminhos do pecado que não nos levam ao Céu, a tal ponto que, como lemos na
primeira leitura, diante Do Nosso Noivo “tapávamos o rosto; tão desprezível
era, que não fazíamos caso dEle”.
“Tenho sede”, eis o
Seu grito na cruz que revela o motivo de Sua Paixão. Tenho sede de me dar a
cada um de meus filhos, por isso me fiz homem como eles para demonstrar o
quanto lhes amo e através das consequencias de meu amor, sem forçá-los mas
respeitando a sua liberdade atraí-los a mim, mas Ele, O Noivo que vem inaugurar
a Nova Aliança, onde, nas Bodas de Caná transformou a água parada da Lei que é
incapaz de justificar o homem, nos tornou justos, concedendo-nos o melhor vinho
que poderia nos oferecer, o vinho da graça de Seu perdão total e gratuito.
Assim, Ele que nos dá
O Seu Sangue, ou seja a Sua vida sob a espécie do vinho eucaristizado, tem que
beber vinagre quando revela Sua sede do amor de suas criaturas, pois o coração
do hmem se tornou incapaz de amar quando foi ferido pelo egoísmo que nele se
acendeu depois do pecado original.
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