UMA SÓ PORTA, UM SÓ REDIL, UM SÓ PASTOR

POR: PE. TARCÍSIO AVELINO

“EU SOU A PORTA DAS OVELHAS”. Esta frase de Jesus está afirmando que só há uma porta por onde as ovelhas podem entrar para encontrar a proteção e que ao mesmo tempo é a única porta por onde elas poderão sair para encontrar pastagens num lugar onde nunca mais terão fome nem sede, onde poderão encontrar a salvação, este redil é a Única Igreja que Ele fundara quando dissera a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, não há mais de uma Igreja pela qual devamos ser salvos, como afirma o documento da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé: “Fora da Igreja não há salvação” (IV CONCÍLIO DE LATRÃO, NOV. 1215). No entanto, a  teologia católica explica que as almas retas, que não conseguiram superar barreiras vivenciais e culturais para reconhecer a verdadeira Igreja, se são autenticamente retas — e, portanto, se sob o influxo da graça de Deus (que se derrama sobre todos os homens do boa vontade), desejaram de fato conformar suas vidas com a vontade e a lei de Deus, recebem o batismo de desejo em razão da Fé, Esperança e Caridade que acolheram implicitamente. Isto é, Deus as acolhe no seio da Igreja, porque esta é a comunidade de todos os autênticos filhos de Deus.

Se, por exemplo, sob o influxo da graça sobrenatural e por um motivo de verdadeira caridade, uma dessas almas derramou o seu sangue em defesa de um princípio da lei natural, isto é, da lei inscrita por Deus na natureza. Ou mesmo se algum não-católico for intimado, sob ameaça de morte, a renegar a Deus, ou mais especificamente sua fé em Jesus Cristo, e, movido por uma graça de caridade sobrenatural, recusar-se a fazê-lo, sendo por isso morto, ele recebe o batismo do sangue, porque in extremis terá confessado a Deus ou Jesus Cristo.

Não se trata aqui de uma subtileza teológica para explicar o princípio de que fora da Igreja não há salvação, mas da realidade profunda do relacionamento das almas com Deus, que só Deus conhece. E Deus acolhe essas almas verdadeiramente retas na Igreja triunfante, que é a comunidade dos eleitos.

Contudo esses fatos não são corriqueiros. Se já é tão difícil para nós, católicos, com todo o socorro dos ensinamentos e dos sacramentos da Igreja, nos mantermos fiéis a Deus e à sua lei, quanto mais difícil será para aqueles que não têm a dita de pertencer à Igreja católica.  

“Que devemos fazer irmãos” foi a pergunta que fizeram as pessoas que escutavam o sucessor do Único Pastor, Pedro, no dia de Pentecostes, como lemos na primeira leitura. “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus cristo para o perdão dos vossos pecados e recebereis o Dom do Espírito Santo”. O Batismo implica conversão, mudança de vida, isso é o que significa entrar pela Porta que é O Cristo e se reflete na maneira nova de viver do cristão, como lemos na segunda leitura, onde o próprio Pedro explicita o que significa essa conversão que não é simplesmente deixar de pecar, ou seja de fazer o mal, trata-se, também de uma nova atitude de vida: “Se suportais com paciência aquilo que sofreis por ter feito o bem, isto vos torna agradáveis diatne de Deus. De fato, para isso fostes chamados. Também Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos”. Entrar pela porta que é Cristo é, como Ele dissera: “renunciar a si mesmo, tomara sua cruz e segui-lo pelo caminho da doação, que implica, necessariamente o sofrimento, por ser oposto ao caminho de um mundo egoísta.

Ele é a porta não só porque com sua vida nos mostrou o caminho de volta para O Paraíso Perdido, mas, principalmente, porque, morrendo a nossa morte, pagou em nosso lugar o preço de nossos pecados, rompendo a muralha que de Deus nos separava, por isso a segunda leitura se conclui assim: “andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas”