HOMILIA DO 30 DOMINGO DO TEMPO COMUM - UM JUSTO JUIZ PARA JULGAR OS JUSTOS


POR: PE. TARCISIO AVELINO, OMD
A Liturgia deste domingo perfaz a terceira catequese sobre a oracao que aparece no Evangelho de S. Lucas que começou quando o Jesus ensinou o Pai Nosso, a Segunda catequese sobre a oração foi no domingo passado quando Jesus contou a parábola da viuva insistente e do Juiz iniquo para nos ensinar que nossa oração deve ser perseverante, sem jamais desanimar. Hoje Jesus nos ensina que outra qualidade da oração Cristã deve ser uma oração humilde ja que que cristão é aquele que imita Cristo, manso e humilde de coração. 
No domingo passado Jesus conclui seu ensinamento sobre a oração perseverante dizendo que se um juiz iniquo neste mundo faz justiça a uma viuva insistente para não ser mais incomodado, quanto mais Deus fará justiça aos Seus filhos que clamam por Ele noite e dia, e hoje a Liturgia mostra que o faz não só por ser Pai, como também porque não é um juiz qualquer mas o "Justo Juiz" como afirma S. Paulo na Segunda Leitura. Mas o que significa dizer que Deus é O Justo Juiz? É a Primeira Leitura que nos responde: "O Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas. Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas." Ou seja, dizer que Deus é o justo juiz significa dizer que só Ele pode nos julgar corretamente por isso o erro do fariseu do Evangelho foi tomar a si mesmo por próprio juiz e ainda por cima se arrogar ao direito de julgar o irmão já que como fariseu ele conhecia muito bem a Palavra de Deus que diz: "O coração é o que há de mais enganador, e não há remédio. Quem poderá entendê-lo?" (Jr 17,8-9), conhecedor da Bíblia como era o fariseu sabia muito bem que a Palavra de Deus também diz: "O Homem vê as aparências, mas Deus Olha o Coração"  (1Sm 16,7); ou seja, somente Deus que vê todas as coisas como elas são é que tem condições de julgar corretamente por isso lemos versiculo 12 da  carta de S. Tiago: "Há um so legislador e um só juiz que pode aniquilar e salvar, portanto, quem és tu para julgar o teu irmão?" Ou seja, se O Único que poderia aniquilar o pecador não o fez ainda, mantendo-o sobre a face da terra, quem somos nós, pecadores como quaisquer outros, para emitir sentenças de absolvição ou condenação para o nosso próximo? Por isso a conclusão de Jesus na Parábola de hoje é que somente a oracao do humilde "atravessa as nuvens" como lemos na Primeira Leitura pois se a humildade é a verdade, como ensina S. Teresa, somente o humilde reza verdadeiramente pois estabelece um dialogo verdadeiro com Deus. Se observarmos bem somente quem rezou foi o publicano pois rezar é dialogar com Deus ao passo que o que o fariseu fez foi um monólogo onde nao pediu nada e nao agradeceu nada mas apenas louvou-se a si mesmo. 
Mais uma vez, como no domingo passado Lucas coloca desde o principio, não declaradamente mas implicitamente, o propósito desta parábola pois ao afirmar que fora destinada "a alguns que confiavam na própria justiça e desprezavam os outros" ja revela que o propósito desta parábola é nos ensinar que nao podemos confiar na nossa própria justiça e desprezar os outros pois "se dissermos que nao temos pecado somos mentirosos e a verdade nao esta em nos mas se confessarmos os nosssos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar", por isso "o publicano voltou para casa justificado e o fariseu nao" porque se a humildade é a verdade, só humilde reconhece que nao merece nada de Deus pois é um pecador, ou seja um traidor de Deus que só merece castigo e, confessando seus pecados mostra suas chagas para o Único que pode cura-las,  sem o que, Aquele que veio para os doentes e nao para os que se acham sãos como o fariseu. Mas quanta diferença entre este fariseu do Evangelho e o fariseu Paulo da Segunda Leitura!! Porque Paulo colaborou com a Graça que o alcançou na estrada de Damasco e, depois que se levantou da "queda do cavalo" ja era um novo homem que reconhecendo seus erros entra com outro objtetivo em Damasco, nao mais como perseguidor dos cristãos mas como o futuro maior evangelizador da história da Igreja!!!
Paulo, na Segunda Leitura reconhece que combateu o bom combate e que só lhe resta receber a coroa da justiça, mas, diferentemente do fariseu do evangelho, longe de se gloriar de suas obras reconhece: "O Senhor esteve a meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações". Ou seja, diferentemente do fariseu do Evangelho Paulo nao atribui a si mesmo nenhum bem que fez, reconhece que foi Deus quem lhe deu forças e fez com que a Mensagem do Evangelho fosse anunciada a todas as nações. Ao passo que o fariseu do Evangelho, atribuindo-se a si mesmo o mérito de suas boas obras, com seu ego tão inflado, nao enxergou suas chagas do orgulho, da vaidade, da prepotência e do julgamento,  muito piores do que as do publicano, por isso nao saiu justificado.
Portanto, que nossa oração seja como a do publicano para que reconhecendo a verdade sobre nós e sobre Deus, possamos dar a Deus o que é de Deus e receber para nós aquilo de que tanto temos necessidade, isto é, o perdão, ja que o pecado é a única obra que conseguimos fazer sozinhos, sem a ajuda de Deus e, por isso mesmo é a única obra que podemos atribuir a nós pois "que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido? ". (ICor.4,7ss) e somente Deus é bom e, protanto, a Fonte de todo bem. A Ele a glória, o poder e a honra, pelos séculos dos séculos. Amém!

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