HOMILIA DO 29 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

O BOM COMBATE DA ORAÇÃO 
 
POR PE. TARCISIO AVELINO,OMD
Após a cura dos dez leprosos que vimos no domingo passado os fariseus perguntam a Jesus quando viria o Reino de Deus. É neste contexto que Nosso Senhor conta a parábola do Evangelho de hoje mostrando que o importante não é perguntar quando se consumará o Reino que Ele veio inaugurar mas como aguardar essa consumação que se dará no dia do Seu regresso glorioso no juízo final. Esta é a lição que nos dá a Parábola da viúva e do juiz iniquo ensinando-nos que são duas atitudes básicas que devemos ter enquanto aguardamos Seu regresso.
Mas antes de falarmos destas atitudes é preciso que nos conscientizemos de que a vida do Cristão, desde a primeira vinda de Jesus até Sua Segunda vinda consiste numa batalha como vemos na primeira Leitura que, juntamente com o Evangelho nos mostram a primeira atitude com a qual devemos esperar o Senhor: em oração perseverante pois, como vemos na Primeira Leitura, enquanto Moisés tinha os braços erguidos Israel vencia a batalha contra os Amalecitas ao passo que, quando pela fadiga, deixava cair as mãos erguidas, símbolo da oração de súplica ardente, Israel perdia a batalha: conclusão essa batalha na qual estamos só se ganha pela oração perseverante pois a primeira leitura diz que ele clamou o dia inteiro desde a manhã ao entardecer. Essa mesma ideia é completada pelo Evangelho sendo que a na Primeira Leitura fala-se da oração de intercessão que é aquela que fazemos pelos outros, no caso, Moisés orava pela sua pátria que estava sendo invadida pelos inimigos, ao passo que no Evangelho temos a oração pessoal de súplica, que é aquela com a qual nos dirigimos a Deus em alguma necessidade pessoal, sendo que Jesus escolheu justamente uma viúva, símbolo dos mais desconsiderados e desamparados da sociedade para mostrar que temos que ser como ela, recorrer a Deus e a mais ninguém pois só Ele realmente é o nosso socorro seguro e fiel. Para nos mostrar isso Jesus lança mão do contraste entre aquilo que Deus e com aquilo que Ele não é para dizer que se até um juiz iniquo atende a súplica insistente de uma pobre viúva que não tem propina para lhe dar nem a quem recorrer para ajudá-la quanto mais o nosso Deus ao qual Jesus, nesta subida para Jerusalém que continua no Evangelho de hoje já tinha ensinado que na oração devemos chamar a Deus de Pai pois o é de fato por nos ter adotado em Seu Filho Jesus.
Se o Evangelho de hoje se insere no contexto do julgamento pelo qual teremos que passar no juízo final, não podemos nos esquecer que além do juízo final há o juízo particular para aqueles que morrerão antes de Jesus voltar diante do qual, São Paulo, no fim da vida nos confirma que realmente nossa vida consiste num combate e nos mostra como poderemos ter paz ao ver se aproximar a nossa morte. Vejamos o que Ele diz: "combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé, agora, só me resta receber a coroa que O Senhor Justo Juiz me dará naquele dia" (II Tm.4) Essa é a batalha na qual nos encontramos que se divide em dois setores: a batalha interna que consiste na luta do homem velho contra o homem novo renascido pela graça recebida no batismo, a tal ponto que o mesmo  São Paulo se espanta e diz: "Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. (Rm8,18-20) Essa é a batalha interna que experimentamos que São Paulo combateu virilmente a tal ponto que no fim de sua vida teve a consciência tranquila a ponto de exclamar o que dizemos acima, mas há também  a batalha externa, aquela na qual pensamos lutar contra os homens e no entanto Lemos em Efesios capitulo 6 versículos 10 e seguintes Lemos: "Não é contra homens de carne e sangue que temos que lutar mas contra os principados e potestades" que estão ao nosso redor usando os desprevenidos para nos tentar.
Ambas as batalhas só se vencem pela oração é o que nos ensinam as leituras de hoje pois é na oração que recebemos as graças, dons e virtudes necessárias para substituir os vícios nas batalhas internas e para vencer as tentações e tribulações nas batalhas externas. As batalhas internas são contra as fraquezas de nosso caráter e as externas são sempre de autoria de Satanás e seus demônios como vimos em Efesios capitulo 6 acima. Não era contra a pessoa que estava lhe injustiçado e contra o juiz iniquo que a viúva estava se debatendo mas contra "o demônio que anda sempre ao nosso redor como leão que ruge procurando a quem devorar"(IPd1,5).
Sentindo aproximar a sua morte S. Paulo avalia a sua vida como tendo sido um "bom combate" pois foi toda gasta com a missa que Cristo deixou para todos os seus discípulos nesta terra como Lemos neste mesmo evangelho de Lucas que estamos estudando este ano, no capítulo dez: "Ide pelo mundo inteiro e a todos pregai o Evangelho" e esta é a segunda atitude com a qual devemos esperar o Senhor como Lemos na Segunda Leitura: "Diante  de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir a julgar os vivos e os mortos, e em virtude da sua manifestação gloriosa e do seu Reino, eu te peço com insistência: proclam a palavra, insiste oportuna ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina". Aqui está o conselho com o qual encerramos esse nosso texto pois estamos no mês missionário e no mês do Rosário, uma associação nada casual mas oportunissima pois as leituras da missa de hoje nos mostram que a conquista de almas para Cristo é um combate que não se vence a não ser pela oração pois nesta conquista que consiste literalmente em arranca-las das garras do Maligno mais do que a pregacao vale o testemunho pois se as palavras convencem os testemunhos arrastam, ou seja, embora a Palavra de Deus seja "viva e eficaz" por si mesma quanto mais tivermos deixado ela agir em nossa vida na oração pessoal maiores serão os frutos que colheremos em nossa semeadura. 
Outubro mês das missões e do Rosário, a oração mais excelente depois dos sacramentos e do Pai Nosso, não  por ser composto da saudação Angélica que é de autoria do próprio Deus como o Pai Nosso, como também porque nesta oração contemplamos a vida de Jesus, escopo de toda a Bíblia é programa de vida de todo discípulo daquele que nos enviou a fazer discípulos dEle em todas as nações, além disso, nesta oração invocamos Aquela a qual Deus investiu da missão de esmagar a cabeça daquele com o qual devemos combater para resgatar a todos para Cristo. 

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