QUEM É ESSE MENINO?
POR: PE. TARCISIO AVELINO, OMD
O tempo do Advento tem uma duração de quatro semanas. Este
ano, começa no domingo 01 de dezembro, e se prolonga até a tarde do dia 24 de dezembro,
em que começa propriamente o Tempo de Natal. Podemos distinguir dois períodos.
No primeiro deles, que se estende desde o primeiro domingo do Advento até o dia
16 de dezembro, aparece com maior relevo o aspecto escatológico e nos é
orientado à espera da vinda gloriosa de Cristo. As leituras da Missa convidam a
viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: sua vinda ao
fim dos tempos, sua vinda agora, cada dia, e sua vinda há dois mil anos.
Temos quatro semanas nas quais de domingo a domingo vamos nos
preparando para a vinda do Senhor. A primeira das semanas do Advento está
centralizada na vinda do Senhor ao final dos tempos. A liturgia nos convida a
estar em vela, mantendo uma especial atitude de conversão. A segunda semana nos
convida, por meio do Batista a “preparar os caminhos do Senhor”; isso é, a
manter uma atitude de permanente conversão. Jesus segue chamando-nos, pois a
conversão é um caminho que se percorre durante toda a vida. A terceira semana
preanuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da
vinda do Senhor. Finalmente, a quarta semana nos fala do advento do Filho de
Deus ao mundo. Maria é figura central, e sua espera é modelo e estímulo da
nossa espera.
No segundo período,
que abarca desde 17 até 24 de dezembro, inclusive, se orienta mais diretamente
à preparação do Natal. Somos convidados a viver com mais alegria, porque
estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. Os evangelhos destes
dias nos preparam diretamente para o nascimento de Jesus. Com a intenção de
fazer sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o
Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa já não rezamos o
Glória. Se reduz a música com instrumentos, os enfeites festivos, as vestes são
de cor roxa, o decorado da Igreja é mais sóbrio, etc. Todas estas coisas são
uma maneira de expressar tangivelmente que, enquanto dura nosso peregrinar, nos
falta alo para que nosso gozo seja completo. E quem espera, é porque lhe falta
algo. Quando o Senhor se fizer presente no meio do seu povo, haverá chegado a
Igreja à sua festa completa, significada pela Solenidade do Natal.
Assim, é natural que
nessa altura do campeonato, neste quarto domingo do Advento, surja a pergunta mas quem é esse menino que nós
estamos esperando? Quem é esse Messias e
qual é a sua missão?
A Primeira Leitura, extraida da Profecia de Miquéias responde
aludindo à divindade do Messias dizendo que “suas origens são tão antigas que
remontam os dias de eternidade” e o Evangelho
é muito mais explicito quando O Espíito Santo fala pela boca de Isabel: “Donde me vem a honra que a Mãe do
Meu Senhor venha me visitar?” sendo que nesta fala de Isabel ela usa um dos
termos usados para se referir a Deus. “Senhor”. Também Miquéias faz uma
referencia implicita à Mãe do Messias quando diz: “Deus deixará Seu povo no
abandono até uma Mãe dar à luz”, não nomeando o pai, deixando entrever o
nascimentento extraordinário que teria O Messias.
Então, se esse Menino é Deus natural que surja também a
pergunta sobre sua missão : Mas o que Deus viria fazer a terra para ter se
tornado homem como nós? E Primeira Leitura continua nos fornecendo as respostas
dizendo que O Messias virá para “salvar, reunir, conduzir e guiar, como um
pastor a Seu rebanho, com a força do Senhor e que estenderá seu dominio até os
confins da terra”.
Assim, Miqueias esboça a figura do Messias: Embora nascido
humilde e desconhecido em Belém, é O Filho de Deus que vem reunir e trazer a
salvação e a paz para toda a humanidade. Mais uma pergunta surge aqui: Mas como
Ele fará isso? Desta vez quem responde é a Segunda Leitura mostrando que O
Messias, Jesus, é O Segundo Adão que, diferentemente do primeiro, desobediente,
vem para fazer a vontade do Pai, que
como Ele revelará mais tarde é que “todos os homens se salvem e cheguem
ao conhecimento da verdade”; e a Segunda Leitura nos diz que Ele nos salva
assumindo um corpo para sofrer em si as conseqencias dos nossos pecados,
morrendo em nosso lugar já que “o salario do pecado é a morte”, ou seja a
consequencia de quem rompe com A Vida é a morte. Mas não podemos nos esquecer
que é de Maria que Deus recebe um corpo para nos redimir e que Maria Santissima
teve que sofrer junto com o Filho, quando Este se entregava na cruz por nossa
salvação, teve que consentir na sua entrega e oferecê-lO ao Pai por nós
oferecendo-se juntamente com Ele, neste sentido a Liturgia de hoje nos mostra
que a missão do Filho está intimamente ligada à missão da Mãe e que, neste
sentido podemos chama-la de corredentora da humanidade. De fato, convinha que
houvesse um Segundo Adão e Uma Segunda Eva para reparar a desobediencia do
primeiro Adão e da Primeira Eva pois Deus se compraz de vencer usando os mesmos
meios com os quais Satanás nos derrota.
Neste sentido o “eis que venho com prazer fazer a Vossa
Vontade” é um eco do “faça-se”, do FIAT de Maria Santissima, mostrando que o
Natal e a Pascoa, são, dois momentos de um único sacrificio dirijido à glória
de Deus e à salvação dos homens. E Maria que parte apressadamente à casa de
Isabel, apenas conhecendo a Mensagem do Anjo é a figura de todo cristão que
deve levar Jesus ao mundo.
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