POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF
Dentre os problemas que mais intrigam os que teem fé está o problema do
mal no mundo. Se há um criador que fez todas as coisas, é também Ele o criador
do mal? A resposta da Liturgia de hoje é bem clara, NÃO. O mal entrou no mundo
devido ao mal uso que o homem fez de sua liberdade, como lemos na Primeira
Leitura, Deus se serviu do contexto e da mentalidade do tempo e do contexto em
que vivia o autor sagrado em que o povo judeu aderia aos cultos pagãos onde,
provavelmente, o autor jahwista está, apenas, a dar uma explicação de uma
determinada realidade do seu tempo, a partir de um pretenso acontecimento
primordial, que seria o responsável pela situação actual) para o facto de a
serpente inspirar horror aos humanos e de toda a gente lhe procurar “esmagar a
cabeça”; mas a interpretação judaica e cristã viu nestas palavras uma profecia
messiânica: Deus anuncia que um “filho da mulher” (o Messias) acabará com as
consequências do pecado e inserirá a humanidade numa dinâmica de graça, mas
autor sagrado não está a falar de um pecado cometido nos primórdios da
humanidade pelo primeiro homem e pela primeira mulher; mas está a falar do
pecado cometido por todos os homens e mulheres de todos os tempos… Ele está
apenas a ensinar que a raiz de todos os males está no facto de o homem
prescindir de Deus e construir o mundo a partir de critérios de egoísmo e de
auto-suficiência e as consequencias vemos logo depois do pecado, primeiro o
homem tem medo de Deus, Dele se esconde e não só passa a considerá-Lo como um rival acusando-O
de ter lhe dado uma má companheira, como também passa a considerar, aquela que
na etimologia do termo MULHER que significa colaboradora, também como uma rival
ou inimiga: “a mulher que tu me deste me ofereceu o fruto e eu comi”. Eis aqui em poucas linhas a origem
do mal no mundo bem como as consequencias da raiz de todo mal do mundo, que é o
pecado, desarmonia interior, divisão pela desconfiança de Deus e de seus
semelhantes, rivalidade e medo. Mas Deus que imediatamente dá o castigo, que é
apenas a permissão que o homem sofra as consequencias de suas opções, dá também
o remédio anunciando uma descendencia para uma mulher que esmagará a cabeça do
Maligno personificado na serpente, resumo de tudo o que nos separa de Deus,
Essa Mulher é Maria e Sua descendencia é Jesus nosso Redentor e Salvador que,
no Evangelho de hoje é apresentado dentro de uma casa onde nem sequer tinham
tempo para comer por causa da grande procura de tantos que queriam ouvir sua
Palavra, que Jesus compara com Sua mãe, e irmãos para dizer que sua familia é
composta por aqueles que, Como Maria escutam acolhem e obedecem a Palavra de
Deus, diferentemente daqueles que o acusam ou de Seus familiares que,
deixando-se levar por comentários caluniosos querem se apoderar dEle para
conduzi-lo de volta a Sua familia e chamá-lo à razão já que Cristo não se
comportava mais como um judeu, fiel às tradições e leis do Povo Eleito que
muito muito se havia distanciado das Leis de Deus.
Assim hoje somos convidados a ver de que lado nós estamos, do lado dos
que ficaram de fora, pensando ser da familia de Cristo só por pertencer aos
seus descendentes ou dos que estão com Cristo dentro da Sua Igreja atentos a
Sua Palavra e prontos a obedece-la, diferentemente daqueles que pensando estar
dentro da casa com Ele na verdade, O acusam como Adão acusou a Deus dese o
princípio. O acusam de agir por Belzebul
para driblar sua consciencia que não queriam se converter para não terem que
mudar de vida, pelo que Cristo conclui dizendo ser este o único pecado que não
tem perdão, a blasfemia contra o Espirito Santo que significa atribuir ao
Maligno aquilo que claramente sabemos ser de Deus para não termos que mudar de
vida.
É neste sentido que a Segunda Leitura nos exorta a mantermos fixos os
olhos na recompensa que terão os que “ouvem e põem em prática a Palavra de
Deus, a vida eterna com Cristo, mesmo sabendo que para lá chegar precisaremos
passar pela cruz para fazermos morrer nosso homem velho e egoísta que a todo
momento pretende ser feliz prescindindo de Deus.
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