A PALAVRA DO FUNDADOR - 2° DOMINGO DA QUARESMA ANO B


DO TABOR AO CALVÁRIO

POR PE. TARCÍSIO AVELINO, TF

Como a palavra chave que percorre toda a Quaresma é a palavra CONVERSÃO, a liturgia de hoje nos convida a  converter a, a mudar a nossa mentalidade que busca a todo momento compreender os desígnios de Deus e olhar para a obediência de Abraão, que, jamais questionou os desígnios de Deus pois acreditava, como lemos na Segunda Leitura, que "Deus é por nós", mesmo que os acontecimentos de nossa vida pareçam provar o contrário.
Cristo já havia anunciado que deveria sofrer muito e morrer para nossa salvação e toma consigo as três tesmunhas de seu suor de sangue no Horto das Oliveiras e os leva consigo para o Tabor para oferecer-lhes um conforto, um refrigério aumentando sua força e sua fé para os sofrimentos que estão por se iniciar para a salvação da humanidade e para nos servir de exemplo de como devemos viver os sofrimentos desta vida decorrentes da separação de Deus que, desde o principio, no Paraiso o homem, pelo pecado escolheu para si,.
"É bom estarmos aqui" no sentido de conveniência, é como se Pedro dissesse convém ficarmos por aqui mesmo já que lá embaixo nos aguardam, como Cristo acabou de anunciar, tanto sofrimento, e Sua morte, no entanto, a Segunda Leitura nos mostra que os sofrimentos de Cristo foram necessários para cumprir a Justiça divina, não que Deus não pudesse perdoar de graça as ofensas que a humanidade já havia e haveria de cometer contra Ele, que, por ser amor é também justo e como tal, não poderia simplesmente nos perdoar sem que alguém satisfizesse pelos danos que os pecados de uns causam aos Seus demais filhos.
Noutra passagem Cristo diz ser NECESSÁRIO que Ele sofresse e morresse por nós, sim, necessário porque o homem se havia separado de Deus e causado muitos danos ao seu próximo então Ele se fez homem para, como homem sofrer no lugar de cada homem.
Na Primeira Leitura Deus poupa o filho de Abraão, o mesmo que fez com cada ser humano, e pôde nos poupar porque, como Lemos na Segunda Leitura não poupou Seu próprio Filho mas o entregou por todos nós.
Porque Adão desobedeceu, Cristo se fez homem para poder obedecer no lugar dos homens, suprindo com Seus méritos humanos e  divinos,  a obediência falha de cada homem que, por serem criaturas, finitas jamais satisfariam a ofensa infinita que fizeram ao Amor Infinito de Deus por nós.
A obediência de Abraão irá gerar plenitude de vida e de dons divinos (bênção), uma descendência numerosa “como as estrelas do céu ou como a areia que está na margem do mar” e a posse da terra (vers. 17). O mais interessante é a indicação de que a obediência do “justo” Abraão terá um alcance universal e resultará em bênção para “todas as nações da terra”.
Nesta “catequese”, a intenção fundamental do autor não é dizer-nos quem é Deus e como é que Ele age (por isso, não adianta estarmos a “perguntar” ao texto se, na realidade, os métodos de Deus passam por submeter o homem a provas desumanas a fim de o “testar”). A história do sacrifício de Isaac destina-se, sobretudo, a propor-nos a atitude que o crente deve assumir diante de Deus. Abraão é apresentado como o protótipo do crente ideal, que sabe escutar Deus e acolher os seus projectos com obediência incondicional, com confiança total… Mesmo que as propostas de Deus resultem incompreensíveis ou que os desafios de Deus interfiram com os projectos do homem, o crente ideal deve acolher os planos de Deus e realizá-los com fidelidade.
Assim, bom não é permanecermos nos momentos de alegria que Deus nos concede nesta vida como concedeu uns pequenos momentos de Tabor aos que haviam sido testemunhas de Seus sofrimentos no Monte das Oliveiras, bom é estarmos onde Jesus está seja no Tabor ou no calvário porque foi Ele quem disse que "quem renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz" Ele o ressuscitaria no ultimo dia, ademais,   "Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele?" Só quem tiver esta certeza não será, como Pedro no Evangelho de hoje, tentado a permanecer somente nos momentos de alegria tão curtos que essa vida oferece e  aceitará descer o Tabor para iniciar a subida do calvário para com Cristo ressuscitar depois da morte que nada mais é que o umbral da eternidade.

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