XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM C
POR PE. TARCISIO AVELINO, TF
Se no domingo atrasado vimos duas atitudes que não se
deve adotar perante a riqueza, nem o esbanjamento como o filho pródigo nem a
mesquinhez como o filho mais velho que trabalha anos a fio sem desfrutar nada
do fruto do seu trabalho, no domingo passado com a Parábola do Administrador
Esperto, aprendemos como utilizar as riquezas com esperteza para fazer amigos
que nos recebam nos céus, neste vigésimo sexto domingo comum aprendemos as
consequencias do mal uso das riquezas neste mundo.
De fato, o rico epulão não recebeu a salvação final
não simplesmente por ter sido rico e sim por ter permitido que as riquezas o
possuíssem ao ponto de se tornar completamente cego para as necessidades dos
outros, mesmo daqueles bem próximos a ele como o pobre Lázaro que se alimentava
das migalhas que caíam de sua mesa. Do mesmo modo o pobre Lázaro não se salvou
simplesmente pelo fato de ter sido pobre mas pela sua resignação perante a pobreza
ao ponto de nem sequer enxotar os cães que lhe vinham lamber as feridas o que
não quer significar que Deus não queira que nos empenhemos por fazer valer
nossa dignidade de Seus filhos neste mundo e sim que os pobres em espírito são
bem aventurados neste mundo e no outro justamente por não serem dominados pela
ambição das riquezas, tornando-os muito mais abertos para a ação da graça de
Deus.
A atitude interior do rico epulão é que foi a causa de
sua condenação e para que a conheçamos e possamos evitá-la a Palavra de Deus
no-la descreve apresentando-nos a atitude dos ricos que viveram no tempo do
Profeta Amós que antecedeu o exílio, justamente pela decadência moral daqueles
que, cegos pelo amor ao prazer coisificam as pessoas e “não se preocupam com a
ruína” de seus irmãos.
Estamos no último domingo do mês da Bíblia e é
justamente por te la desprezado que se condenou o rico epulão que, depois de
sua morte percebendo o mal que fizera, justamente por ter deixado de fazer o
bem pede para que Lázaro vá avisar seus irmãos que mudem de vida para não irem,
como ele parar naquele “lugar de tormento” o que o fez escutar de Deus,
representado na Parábola por Abrãao: “eles têm Moisés e os Profetas que os
escutem”. De fato, toda a Bíblia se resumia nos escritos que contavam a
história de Moisés e nos profetas e com isso Cristo está nos dizendo que a
maneira de não nos deixarmos cegar pelas riquezas nem nos revoltar contra a
pobreza é justamente conhecer e praticar a Palavra de Deus, tanto que, diante
da insistencia do rico epulão no sentido de que Lázaro pudesse ir avisar a seus
irmãos, escuta esta resposta: “ Se não escutam a Moisés nem os profetas, eles
não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”.
Ou seja, se nós hoje e em todos os tempos não escutarmos,
(lembrando que escutar é muito mais do que simplesmente ouvir, escutar é dar
ouvidos, pôr em prática, aceitar), o que a Palavra de Deus nos diz não há
milagres que possam nos convencer pois só se deixa convencer quem dócilmente
procura conhecer a verdade por trás de
cada palavra ou acontecimento. Não podemos nos esquecer que Cristo está
contando esta parábola para os fariseus que, mesmo conhecendo tanto as
Escrituras, como ninguém, eram tão apegados ás riquezas que não deixavam A
Palavra de Deus modelar a sua conduta, excluindo os pobres e os que não
conseguiam observar as muitas prescrições do culto a Deus, esquecendo-se que o
verdadeiro culto a Deus é o amor a Ele que se traduz pelo serviço ao próximo
como aparece na ordem dos Mandamentos que Ele havia dado nos quais unia o amor
que pedia para Si ao amor de seus filhos.
É nas Escrituras, na Palavra de Deus que encontramos
mais uma vez a resposta da atitude que devemos adotar perante as riquezas
conforme S. Paulo depois de ter dito que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males” diz a Timóteo e a todos nós neste dia de hoje: “foge destas coisas
perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza e a mansidão.
Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna para a qual foste chamado”
Assim, somos hoje convidados a enxergar para onde
estamos encaminhando nosso destino
eterno, examinando justamente a postura que temos adotado perante as riquezas
deste mundo, sejamos nós ricos ou pobres porque tanto a pobreza quanto a
riqueza podem ser caminho para o céu sem nenhuma nem outra nos impedir de amar
a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como Jesus nos amou.
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