PORQUE CRISTO TEVE QUE MORRER NA CRUZ?????
O drama de um Deus crucificado por amor ao homem
Jamais o mundo viu ou verá um acontecimento como este:
o Filho de Deus humanado é crucificado e agoniza durante três horas numa cruz.
Três longas horas de dores indizíveis, sofrimentos inenarráveis na pior forma
de suplício que o Império Romano impunha a seus opositores, bandidos,
malfeitores... Foi o drama de um Deus crucificado por amor ao homem, criatura
moldada à Sua "imagem e semelhança" (cf. Gen. 1,26).
Um mistério insondável de amor e de dor que projeta
luz sobre o quanto cada um de nós é importante para Deus. Cristo não mediu
esforços para resgatar cada um de nós para Deus... foi até as últimas
consequências. São João expressou isso como ninguém: "Tendo amado os seus
que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 15,1).
A
dívida dos pecados dos homens, sendo, de certo modo infinita, exigia um
sofrimento redentor também infinito para reparar a ofensa contra a majestade
infinita de Deus. Então, o
sofrimento de Deus feito homem, infinito, triunfou do pecado. O resgate de cada
um de nós foi pago. Pelo sofrimento de Jesus, Homem e Deus, a humanidade honrou
a Deus incomparavelmente mais do que O ofendera e poderá ainda ofender. O
homem, resgatado agora pelo Filho do Homem, pode voltar para os braços de Deus.
A justiça foi satisfeita.
Podemos perguntar: mas por que foi necessário que um
Deus morresse na Cruz para nos salvar? São Leão Magno (400-461), Papa e doutor
da Igreja, nas suas homilias de Natal, lança luzes sobre o mistério da nossa
Redenção:
“Mas, o fato, caríssimos, de Cristo ter escolhido
nascer de uma Virgem não parece ditado por uma razão muito profunda? Isto é,
que o diabo ignorasse que a salvação tinha nascido para o gênero humano, e,
escapando-lhe que a concepção era devida ao Espírito, acreditasse que não tinha
nascido diferente dos outros aquele que ele não via diferente dos outros.
Com efeito, aquele no qual ele constatou uma natureza
idêntica à de todos tinha, pensava ele, uma origem semelhante à de todos; ele
não compreendeu que estava livre dos laços do pecado aquele que ele não viu
isento das fraquezas da mortalidade. Porque Deus, que, em sua justiça e em sua misericórdia,
dispunha de muitos meios para elevar o gênero humano, preferiu escolher para isso a via que lhe permitisse destruir a
obra do diabo, apelando não a uma intervenção de poder, mas a uma razão de
equidade.
Porque,
não sem fundamento, o antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava direitos de
tirano sobre todos os homens e,
não sem razão, oprimia sob seu domínio aqueles que ele tinha prendido ao
serviço de sua vontade, depois que eles, por si mesmos, tinham desobedecido ao
mandamento de Deus. Por isso não era de
acordo com as regras da justiça que ele cessasse de ter o gênero humano como
escravo, como o tinha desde a origem, a não ser que fosse vencido por meio
do que ele mesmo tinha reduzido à escravidão.
Para esse fim, Cristo foi concebido de uma Virgem, sem
intervenção de homem... Ele [o demônio] não pensou que o nascimento de uma
criança gerada para a salvação do gênero humano não lhe estava sujeito como o
estava o de todos os recém-nascidos. Com efeito, ele o viu vagindo e chorando,
viu-o envolto em panos, submetido à circuncisão e resgatado pela oferenda do
sacrifício legal. Mais tarde, reconheceu os progressos normais da infância, e
até na idade adulta nenhuma dúvida lhe aflorou sobre o desenvolvimento conforme
a natureza.
Durante este tempo ele lhe infligiu ultrajes,
multiplicou injúrias, usou de maledicências, calúnias, blasfêmias, insultos,
enfim, derramou sobre ele toda a violência do seu furor e o pôs à prova de
todos os modos possíveis; sabendo com qual veneno tinha infectado a natureza
humana, ele jamais pôde crer que fosse isento da falta inicial aquele que, por
tantos indícios, ele reconhecia por um mortal.
Ladrão atrevido e credor avaro, ele se obstinou em levantar-se contra aquele que não lhe devia nada,
mas exigindo para todos a execução de um julgamento geral pronunciado contra
uma origem manchada pela falta, ultrapassou os termos da sentença sobre a qual
se apoiava, porque reclamou o castigo da injustiça contra aquele no qual não
encontrou falta. Tornando-se, por isso, caducos os termos malignamente
inspirados na convenção mortal, e, por causa de uma
petição injusta, que ultrapassava os limites, a dívida toda foi reduzida a nada.
O forte é atado com os seus próprios laços, e todo o estratagema do inimigo cai
sobre a sua cabeça. Uma vez amarrado o príncipe deste mundo, o objeto de suas
capturas lhe foi arrancado. Nossa natureza, lavada de suas antigas manchas,
recupera sua dignidade, a morte é destruída pela morte, o nascimento é renovado
pelo nascimento, porque, ao mesmo tempo, o resgate suprime nossa escravidão, a
regeneração muda nossa origem e a fé justifica o pecador” (Sermão XXII ,
segundo Sermão do Natal).
Na Solenidade da Exultação da Santa Cruz vamos
ResponderExcluiradorar Jesus Crucificado Èle é Luminoso e ilumina nossa vida"Ele é o Caminho a Verdade e a Vida"
Irmã Maria Letícia do sagrado Coração OIC