PASTORES EVANGÉLICOS QUE SE TORNARAM CATÓLICOS (continuação)




Em síntese: A revista norte-americana SURSUM CORDA ! Special edition 1996, refere a notícia de que nos últimos anos cinqüenta pastores protestantes se conver-teram ao Catolicismo, sendo que outros mais estão a caminho da Igreja Católica. Cita vários casos de tal ocorrência, expondo os motivos que levaram tais cristãos à conversão. As três razões mais freqüentemente apontadas são as seguintes: 1) o subjetivismo que reina nas denominações protestantes em conseqüência do princípio do "livre exame da Bíblia"; cada cristão é tido como apto a interpretar a Palavra de Deus segundo lhe pa-reça ;2) o retorno à literatura patrística ou dos oito primeiros séculos da Igreja, eviden-ciando o modo de entender a Bíblia pelos antigos cristãos ; 3) a definição do Cânon da Bíblia, que não é deduzida da própria Bíblia, mas sim da Tradição Oral, que é anterior à Bíblia e a identifica ou abona, indicando o respectivo catálogo.* * *

A revista norte-americana SURSUM CORDA ! Special edition 1996, refere a notícia de que nos últimos anos cinqüenta pastores protestantes se converteram ao Catoli-cismo, sendo que outros mais estão a caminho da Igreja Católica. O artigo respectivo, da autoria de Elizabeth Althau, tem por título Protestant Pastors on the Road to Roma (pp. 2-13). Cita vários casos de tal ocorrência, expondo os motivos que levaram tais cristãos à conversão. Visto o significado muito atual de tal fenômeno, publicamos, a seguir, em tradu-ção portuguesa, quatro de tais relatos.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos dez anos, no mínimo cinqüenta pastores protestantes, na maioria evangélicos, renuncia-ram às suas funções e encontraram o caminho para a Igreja Católica. Cada qual passou por conflitos de mente e de coração ; cada qual sacrificou conforto e segu-rança. Muitos haviam sido induzidos, por especial doutrinação, a temer e desprezar a Igreja Católica ; os demais simplesmente consideravam-na como a mais errônea de todas as seitas. Já que um dos fatores mais penosos dessa caminhada é a solidão, alguns dos ex-pastores constituíram uma sociedade chamada The Network ( A Rede ) para se ajudarem mutuamente na caminhada. Dos cento e cinqüenta membros dessa sociedade, cerca de cem ainda estão desenvolvendo seu processo de conversão. E a lista vai crescendo...

2. EXCOMUNGADO: BILL BALES

Bill Bales cresceu em ambiente presbiteriano progressista em Bethesda, Md. "Eu tinha uma espécie de fé adormecida em cristo", lembra ele. "Eu não tinha vida de oração regular nem praticava o estudo da Bíblia. Essas coisas eram, para mim, secundárias". Bales matriculou-se num curso preparatório para a Faculdade de Medicina numa Universidade americana ; jogava futebol. Contraiu uma lesão pulmonar, que o obrigou a penosa cirurgia. "Comecei a contemplar tais coisas como a morte. Passei a conviver com cristãos que tinham uma fé robusta. Comecei a rezar: ‘Se Deus existe, que Ele se revele !". Se existisse realmente, eu ficaria feliz por crer nele. Comecei a ler a Bíblia, e algumas pági-nas da mesma tomaram sentido para mim". Passou a freqüentar uma igreja presbiteriana mais tradicional, e ficou im-pressionado com a conduta de muitos de seus membros. "Cristo era uma realidade. Você podia ter um relacionamento com Ele. Não era um feixe de palavras vazias". Bales deixou de lado seus planos de estudar Medicina. Pôs-se a trabalhar dois anos numa Pastoral de Juventude de uma igreja presbiteriana ; depois fez-se pastor numa igreja não denominacional ( não convencional ) protestante. "Mas eu tinha que entrar num Seminário, caso eu quisesse continuar o meu ministério pastoral. Eu desejava mais aprendizado - e também algum tempo para pensar a respeito de certas idéias e possíveis soluções. Havia tantas indagações que me surgiam na mente !". Bales entrou para o Gordon Conwell Theological Seminary, instituição séria interdenominacional em South Hamilton, Mass. Essa época foi, para ele, maravilhosa. "Reverenciavam a Escritura. Alguns dos professores que eu freqüentava, in-terpretavam o Antigo Testamento de maneira semelhante à dos Padres da Igreja1 e bem me-lhor do que muita gente no evangelismo. Não estudávamos a fundo os Padres. Tratava-se mais de uma escola de treinamento para pastores do que uma escola de graduação". Terminados os estudos em 1985, Bales aceitou o encargo de pastor associado na igreja presbiteriana de Gainesville, na Virgínia. A princípio ele esteve ali muito feliz. "Mas na primavera de 1988, algumas das questões que eu nunca considerara realmente ou que abordara superficialmente, começaram a emergir. A mais crucial era a definição do Cânon das Escrituras. Quem tinha a autoridade necessária para definir o conte-údo do catálogo sagrado ? É esta uma questão fundamental. Senti-me mais e mais estranho à resposta calvinista, que eu sempre professara2 ; as outras sentenças proferidas no mundo protestante, fora do Calvinismo, pareciam-me muito lacunosas. Eu não estava a ponto de ser atraído pelo Catolicismo, embora eu acreditasse que devia haver uma resposta para as perguntas que eu levantava. Desde que Scott Hahn, meu amigo dos tempos de Seminário, se convertera ao Catolicismo, estava a conversão no meu subconsciente. Na seqüência dos tempos, eu sentia que devia ser plenamente honesto, reconhecendo a minha fragilidade da minha posição relativo ao Cânon. "Uma saída, não satisfatória, porém, seria passar-me para uma modalidade de protestantismo mais liberal. Se Deus não instituiu uma autoridade sobre a terra capaz de decidir a respeito de certos problemas, então parecia que tudo ia pelos ares. Eu não conse-guia contornar esta questão". Mas, se o Catolicismo era uma possibilidade, Bales tinha uma série de leitu-ras a fazer, uma série de respostas a confrontar. Ele encontrou o Development of Christian Doctrine, de Newman, o The Spirit of Chatolicism de Karl Adam, e algumas obras de Louis Bouyer especialmente interessantes. "Mais e mais me convenci, através do estudo da História, de que a doutrina católica já era professada na antigüidade, talvez em termos menos desenvolvidos, mas já presente nos antigos. Convenci-me também, mediante as Escrituras, de que, na maioria dos casos que havia uma definição ( como a do Primado de Pedro ) ou ainda nos casos contro-vertidos, a Igreja Católica tinha a melhor argumentação ; isto não quer dizer que eu havia de decidir minha filiação à Igreja por efeito de alguma passagem bíblica. Eu via também que, de modo muito lógico e compreensível, a Igreja Católica tinha crescido, favorecida pela ação de Deus. Parecia mais razoável pensar assim". No fim de 1989, Bales se sentia pouco à vontade no exercício do seu minis-tério e da sua pregação. Renunciou a eles no começo de 1990. "Eu tentava conceber uma imagem pouco atraente do presbiterianismo. Os presbiterianos tinham sofrido outras defecções: as de Scott Hahn e Gerry Matatics, por exemplo. Havia um punhado de crentes que não queriam deixar-me partir". Bales julgava que podia ter evitado uma excomunhão formal se se transferisse primeiramente para uma igreja episcopal. Mas ele estava sinceramente certo de que a Igreja Católica era o seu destino, e ele não o queria negar de público. Em conseqüência, o pro-cesso de excomunhão contra ele foi iniciado. "Encontrei-me três ou quatro vezes com pequenas comissões. Da primeira vez tentaram-me compreender e colheram informações para instituir o processo. Não houve ja-mais alguma mesquinhez. A terça parte do presbitério votou pela não excomunhão ; não houve unanimidade". Quais aso as conseqüências da excomunhão no presbiterianismo ? Existe a concepção generalizada, declara Bales, de que o excomungado tem que se arrepender, pois está imerso em determinado pecado. O modo de tratar o excomun-gado varia de paróquia para paróquia. A minha era de linha muito dura. Essa dureza intimi-dava. Abandonar a paróquia era molesto. Eu o via como se fosse morrer para toda aquela gente. A voz dos nossos amigos era suave. Mas a chefia estava em absoluto interes-sada em que algum membro da congregação continuasse a ser meu amigo... A comunidade era muito fechada. Ali havia amizades profundas, um monte de gente boa". Bill Bales foi recebido na Igreja Católica na festa dos Santos Anjos da Guarda ( 2/10 ) de 1990.

Um comentário:

  1. Essa é uma história muito bela pois mostra que a conversão, muitas vezes,não ocorre de uma hora para outra mas requer tempo para tomar as decisões certas.
    Também mostra que não são somente católicos que se convertem para o protestantismo, mas também protestantes se convertem para nossa igreja.
    Parabéns, que a comunidade continue sendo abençoada!!

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