X DOMINGO COMUM C
MAIS AMA QUEM MAIS É PERDOADO
POR: PE. TARCISIO AVELINO, TF

A Liturgia de hoje nos mostra três atitudes possíveis diante do pecado para nos ensinar como recuperar a paz perdida por se ter agido contra a consciência. O segredo aprendemos desta mulher “conhecida na cidade como pecadora”: 1. A humildade, 2. Amor e 3. Fé.

Quanto à humildade, Humildade significa  terra fértil, vem  da palavra húmus que significa : solo sobre nós. A humildade é a verdade, diz Santa Teresa,  um sentimento adquirido lentamente pelo trabalho interior ou provocado pelo conhecimento, que existe um Ser superior a nós. Aquela pecadora tinha consciência de sua indignidade a tal ponto que, mesmo sendo conhecida na cidade inteira como pecadora, seu desejo de perdão é tanto que, vendo-se diante de alguém que age com misericórdia, diferentemente daquele povo que taxando os outros de pecadores, como o fariseu, não reconhecem que “o justo peca sete vezes por dia” e que “se dissermos que não temos pecados somos mentirosos e a Palavra de Deus não permanece em nós” (I Jo.1,8). Assim, consciente de sua indignidade aquela mulher não se importa com os olhares reprovativos dos comensais daquele banquete e vai direto a alguém que, pressentia poderia lhe devolver a unidade interior e a paz.

Lavar os pés era tarefa dos escravos e isso mostra a consciência do que ela se sentia em relação a Jesus pois lavava com suas lágrimas e enxugava com seus cabelos e os ungia com um perfume caríssimo, dando-lhe um tratamento que só é devido a Deus como aqueles tidos por religiosos que, embora reconhecendo que só “Deus pode perdoar” não reconheceram a natureza divina Daquele que cumpria todas as características profetizadas do Messias pelas Escrituras que os fariseus, conheciam tão bem intelectualmente mas pela sua arrogância de achar que podiam ser justificados pela prática da Lei se tornavam cegos para as ações de Deus. E essa é justamente a segunda atitude que podemos tomar diante do pecado, a atitude do anfitrião que acolhe Jesus em sua casa mais para observá-lo do que por cortesia pois sua atitude mal-educada de não cumprir nada do que as regras que tanto estimavam prescreviam para se acolher um hóspede, demonstrava que não tinha nem estima e muito menos considerava Jesus como Mestre, como cinicamente o chama.

2. Quanto ao amor, Nosso Senhor diz: “os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela muito mostrou muito amor”, fazendo valer A Palavra de Deus que diz que a caridade cobre uma multidão de pecados. Ela demonstrou muito amor não só por prestar as honras devidas ao hóspede desprezado por aquele que o acolhia, mas por ter demonstrado com suas lágrimas o seu arrependimento perfeito, ou contrição que é movido somente pelo amor, diferentemente do arrependimento imperfeito ou atrição que é movido pelo temor ou por qualquer outro sentimento.

3. Quanto à fé, Jesus diz a ela: “a tua fé te salvou, vai em paz”, mostrando que ela chorava diante de alguém que acreditava poder perdoar-lhe os pecados, ou seja, diante de Deus, ou pelo menos de alguém que, por estar tão unido com Deus podia perdoar pecados, como lemos na segunda Leitura, que “somos justificados pela fé e não pela pratica da Lei” já que a fé é a adesão Àquele que já fez penitencia pelos nossos pecados, sofrendo, com Sua Paixão e morte, a consequência de todos eles, pelo que, não precisou pedir uma penitencia para a pecadora que, estando movida pela contrição perfeita, pode, com suas lagrimas e dor reparar não só o pecado como também redimir a pena do pecado, diferentemente de Davi que, na Primeira leitura, profere, como o fariseu do Evangelho, sem o saber sua própria sentença de condenação pois ambos, considerando-se justos perante Deus, se tornaram cegos por sua arrogância necessitando do remédio, a penitência,  que os fizesse despertar de sua cegueira. Essa atitude de Davi é a terceira atitude que podemos tomar perante o pecado, o fariseu se considerava justo ao passo que Davi, embora tenha reconhecido seu pecado, teve o arrependimento necessário, ao pedir perdão para reparar a culpa e a pena, como a mulher pecadora.

“De sua parte o Senhor perdoou o teu pecado, (...) Entretanto, por teres ultrajado o Senhor com teu procedimento, o filho que te nasceu morrerá”. Deus perdoa para que não pereçamos eternamente, mas castiga para nossa conversão e emenda não porque exija uma glória para si mas através do bom tratamento dado a Seus filhos que não suporta ver injustiçados. Justamente por ser amor, castiga, permitindo que soframos um mínimo das consequências de nossos pecados não só para fazer justiça a seus filhos lesados com nossos pecados, como também para, com isso nos fazer acordar para a verdadeira natureza do pecado e daquele que nos induz a comete-los, aquele que “veio roubar, matar e destruir” (Jo. 10,10).

Assim, tanto o perdão, quanto o arrependimento são dons de Deus que, no entanto, tem que ser pedidos, peçamos portanto, sem cessar essas duas grandes graças já que se dissermos que não temos pecado somos mentirosos e assim possamos recobrar a paz que se perde sempre quando se rompe com O Principe da Paz.

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